Aquele 16 de julho de 1950 ficou marcado como uma data fatídica para o Rio de Janeiro e o Brasil. Neste dia, o Brasil perdeu a final da Copa do Mundo para o Uruguai em pleno Maracanã pelo placar de 2X1. A surpresa foi maior pelo fato do Brasil ser o favorito. Talvez seja a razão para a "zebra" que deixou o país em choro.
A seleção brasileira entrou em campo em "clima de já ganhou" ao ponto do vespertino jornal A Noite publicar na capa o Brasil como campeão do mundo.
Consta que Obdulio Varela, técnico da seleção uruguaia, hospedado no hotel Glória, recebeu um exemplar do jornal. Indignado, ele convocou todos os jogadores, colocou a página no chão e, totalmente transtornado, urinou em cima dela. E afirmou: "Houve um engano na redação. Tenho certeza de que amanhã eles corrigirão o grande erro".
O Brasil vinha de uma campanha impecável. Nas rodadas finais tinha feito 13 gols e os uruguaios apenas cinco.
No dia do jogo, o Rio amanheceu alegre, com carros embandeirados, bandeiras e cornetas, e com a certeza de que o título seria do Brasil.
O Brasil vencia por 1 a 0, gol de Friaça, aos dois minutos do segundo tempo. Aos 21 minutos, jogada de Ghiggia e gol de Schiaffino. O empate ainda daria o título ao Brasil. Aos 34 minutos, o baixinho magrinho uruguaio Alcide Ghiggia corre pela direita encontra um corredor livre e perto da pequena área chuta e marca.
O Maracanã calou e chorou. Estava escrita a história do "Maracanaço", o dia que o Uruguai humilhou o Brasil em casa.
O fracasso do Brasil deixou as ruas do Rio tristes e desertas. Ao jornal O Globo, o ator Paulo Gracindo dizia não ter palavras para expressar com exatidão o que aconteceu no Maracanã. "Fiquei, como todo mundo, paralisado meia hora. Depois do silêncio que se seguiu ao gol do Ghiggia, veio o choro que contagiou as pessoas. Era como se o Pão de Açúcar tivesse desabado sobre o estádio. Foi uma dor horrível, pois ninguém acreditava em tamanho desastre. A Copa já era nossa".
O goleiro Barbosa, aos jornais da época, contou que a seleção estava concentrada na Estrada do Joá, num lugar isolado, onde só se podia chegar de táxi. "Três dias antes do jogo decidiram nos colocar em São Januário. Foi como se tivéssemos mudado do céu para o inferno. Não tivemos mais sossego. Todo dia apareciam políticos querendo se promover às nossas custas".
O goleiro do uruguai, Gastón Maspoli, comemorava. "Um dia inesquecível, eu e meus companheiros, emudecemos e fizemos chorar 200 mil torcedores no estádio e milhões no país. O Brasil com uma excelente equipe, onde se destacavam Jair, Ademir e Zizinho, era o favorito. Contudo nós também tínhamos um bom time. É uma coisa inexplicável. Nós sofremos uma transformação impressionante quando estamos defendendo a seleção. Por isso, as vezes conseguimos conquistas históricas como a de 50", afirmou o uruguaio depois do jogo.
Fonte: O Globo/Acervo