Em 1933, o então pacato Rio de Janeiro foi palco de um caso policial que abalou a cidade. O rico magnata Gervásio Seabra, um dos maiores criadores de cavalos do Rio, foi vítima de tentativa de assassinato em seu próprio apartamento no luxuoso edifício Seabra, na Praia do Flamengo, construído em 1931, inspirado no Dakota de Nova Iorque.
O crime foi praticado pelo advogado Sérgio de Campos Cartier que procurou Seabra se fazendo passar por um funcionário de uma empresa que ele teria negócios. Ele foi recebido na sala de estudos dos filhos de Seabra e que assim que chegou ao local, Sérgio tirou de uma pasta um objeto semelhante a uma granada e um revólver calibre 38 com o qual disparou duas vezes no magnata, acertando um tiro no abdómem e errando o alvo no segundo tiro.
O mais surpreendente vem agora. Sergio de Campos Cartier aponta a arma para a própria boca e se suicida.
Gerbásio Seabra pede ajuda a um médico morador do prédio, sendo levado ao hospital onde acabou salvo.
Na época a investigação apurou se os dois tinham algum vínculo comercial, mas não conseguiram provar.
O Correio da Manhã, um de maiores circulações à época, confirmou que ambos não se conheciam. "As testemunhas afirmam que Cartier não conhecia Seabra e a alguns pediu até que fosse apresentado a ele", afirmou o jornal.
O caso foi capa das páginas policiais durante meses. Ao encerrar o inquerito, o delegado Belens Porto confirmou a tentativa de assassinato e o posterior suicídio.
Relações comerciais entre os dois não vieram a tona, mas parece improvável alguém tentar matar alguém por nada e a vítima receber o matador em sua própria casa. Interesses poderosos deviam estar em jogo.
Texto: Ricardo Rabelo
Fonte: Correio da Manhã