No ano de 1649, a Coroa Portuguesa criou a Companhia Geral do Comércio do Brasil, munida de grandes poderes e monopólios, entre os quais o da exclusividade da venda e distribuição de farinha de trigo, vinhos, azeite de oliva e bacalhau.
Qualquer produto proveniente do Brasil, sem exceção, só poderia ser exportado pela frota da dita Companhia que ainda conseguiu proibir a fabricação de vinho de mel e aguardente, em todos os engenhos do Brasil, sob a alegação de que os referidos produtos faziam concorrência com os vinhos do reino.
Os monopólios e privilégios da Compahia de Comércio resultaram em golpe de morte nos engenhos do Rio de Janeiro, já que as bebidas eram uma importante fonte de arrecadação.
Mesmo com a indignação da população, em 1660, o governador Salvador Correia de Sá, lançou um pesado imposto que levaria os proprietários de engenhos à ruína.
Foi o estopim. Aproveitando da presença do governador em São Paulo, Jerônimo Barbalho Bezerra encabeçou e chefiou um levante popular que ficou conhecido como a "Revolta da Cachaça".
Depois de destituir o governador interino, Tomé Correia de Alvarenga, empossou em seu lugar Agostinho Barbalho Bezerra e a Câmara foi substituída por outra, de escolha popular.
As casas da família Correia e de Salvador de Sá acabaram saqueadas em meio aos protestos nas ruas do Rio de Janeiro.
O governador ausente Salvador Correia de Sá arregimentou tropas e índios e acabou sufocando a rebelião. Jerônimo foi condenado à pena capital e decapitado em 1661.
Militarmente, Salvador Correia de Sá, venceu a insurreição, mas a Coroa deu ganho de causa ao povo carioca. Salvador foi destituído do cargo, o imposto suspenso e ainda restringindo os poderes e privilégios da Companhia de Comércio, além de liberar a indústria e comércio de aguardente.
A revolta de 1660 foi a primeira deflagrada no Brasil, em que um governo nomeado pelo Rei foi deposto pelo povo. O Rio de Janeiro viveu seis meses governando a si próprio com um Governador e Câmara eleitos pelo povo.
Mesmo dominado pela força militar, conseguiu uma estrondosa vitória moral, obtendo todas as suas reivindicações. A partir dessa revolta, Correia de Sá nunca obteve nenhum cargo de confiança na cidade.
Fonte: Rio de Janeiro em seus 400 anos