A Roda dos Expostos surgiu na Europa no século XI para acolher bebês que não podiam ser cuidados pelos pais. Geralmente ficavam em conventos, mas também em hospitais e instituições de caridade.
Era uma estrutura de madeira em formato de um cilindro oco com uma janela em uma de suas faces. Os bebês eram colocados ali e ao acionar uma campainha, o cilindro girava 180 graus para o outro lado da porta ou parede.
No Rio de Janeiro, a mais famosa ficava na Santa Casa de Misericórdia.
Quando uma religiosa recolhia o bebê, ele era registrado e geralmente ganhava o nome do santo do dia. Uma ama-de-leite o amamentava e a congregação o educava até que fosse adotada ou se tornasse independente.
Era também garantido o anonimato de quem o abandonava.
A Roda de Expostos foi criada em 1188 pelo frade francês Guy de Montpellier e adotada em 1198 nos territórios da Igreja por ordem do Papa Inocêncio III, chocado com o exacerbado número de bebês mortos no Rio Tibre, encontrados por pescadores.
O Hospital Santo Spirito, próximo ao Vaticano, recebia, por ano, cerca de 3 mil bebês. A roda durou quase oito séculos e foi adotada em países como Portugal, França, Itália, Espanha, Grécia e, obviamente o Brasil.
Registros históricos dão conta que 10% dos nascidos no Brasil nos séculos XVIII e XIX eram enjeitados nas rodas. Geralmente eram filhos de pessoas miseráveis ou de mulheres da elite engravidadas fora do casamento. E também de escravos que viam a oportunidade de livrar os filhos da escravidão pois eram criados como livres.
No Rio de Janeiro existe um exemplar exposto no Museu Histórico e Geográfico do Brasil (Rua Augusto Severo, 08/10º andar).