Com seus uniformes laranjas, os vendedores de mate são figuras que integram totalmente a paisagem das praias do Rio. Para muitos, sem eles a praia perderia um pouco de sua graça. E não é por menos. Eles são uma legião estimada em 1.300 ambulantes que se revezam carregando dois tonéis nos ombros e defendendo o ganha pão apesar do intenso esforço.
Mesmo vendendo produto do Mate Leão, eles não têm nenhum vínculo com o fabricante que inclusive não se responsabiliza pela qualidade do mate vendido. Tanto o mate quanto o limão são preparados individualmente por cada ambulante e na maioria dos casos transportados de bairros distantes até as praias.
Mesmo sem controle de qualidade, os ambulantes de mate caíram nas graças dos cariocas. "Cara, se não encontrar um vendedor de mate na praia fico doido", revela o surfista João Nielson. "Fico com peninha do peso que carregam e faço sempre questão de comprar", completa a namorada Clara.
Em 2009, a prefeitura do Rio de Janeiro chegou a proibir a venda do mate de galão nas praias por "problemas sanitários". Isso gerou revolta em frequentadores da praia, que chegaram a fazer abaixo-assinado pela volta da tradição da cidade. A medida acabou revogada.
Em 2012, o mate das praias do Rio foi declarado oficialmente Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade.
O curioso é que o Mate Leão é fabricado em Curitiba e foi comprado pela Coca Cola. O Rio de Janeiro é uma das poucas cidades onde o mate leão é servido gelado em tonéis. Em outras partes do país, o maior consumo é nas prateleiras dos supermercados.