A bailarina Izabel de Barros Stewart lança-se como atriz e dramaturga em solo no qual reflete sobre a relação do homem com o Planeta – e com o próprio homem.
A cana de açúcar foi (?) uma das principais commodities do Brasil. Entre 1530 e 1700, encheu os cofres da Coroa Portuguesa. Vários séculos depois, a cana de açúcar ainda é um forte pilar para o agronegócio brasileiro. Ela injeta aproximadamente R$ 60 bilhões na economia, segundo dados da União das Indústrias de Cana de Açúcar (Única).
Izabel de Barros Stewart é uma artista brasileira, sensível e atenta às transformações ocorridas no mundo – e em especial no Brasil. O mundo passou de analógico a cibernético, e a relação da sociedade com o Meio Ambiente (e com o próprio ser humano) mostra que algo vai mal. Suas visões do mundo contemporâneo foram colocadas no papel e chegam agora ao palco.
Com direção do coreógrafo João Saldanha, o Solo da cana volta ao Rio de Janeiro, onde estreou, para apresentações, dias 22 e 23 de novembro na Sede das Cias.
A voz central do espetáculo é a da cana de açúcar. Poderia ser a da soja ou a do milho, mas a escolha revelou-se mais que acertada; assertiva. O vegetal foi e ainda é uma das principais commodities do país. Bailarina com longos anos dedicados à dança, ela começou a colocar no papel seus questionamentos sobre uma sociedade que vem se deteriorando e parece que nada aprendeu com a pandemia. As palavras foram levadas ao coreógrafo e diretor João Saldanha, a quem Izabel tem parte de sua trajetória ligada.
Os dois começaram uma investigação que culmina agora no primeiro espetáculo de Izabel como atriz e dramaturga. A eles junta-se o músico Antonio Saraiva, que acrescenta à cena climas e intervenções sonoras, o figurinista Mauro Leite e as produtoras Ana Paula Abreu e Renata Blasi, da Diálogo da Arte Produções.
Outras palavras nasceram, e o corpo e a voz da artista foram ganhando novas matizes. Da bailarina surge a dramaturga e, a partir desta a atriz – ou performer, como queiram. “Eu to aqui pelo que me encandeia a pele”, diz ela num trecho do solo. E desse encantamento nascem outras vozes entre humanas, animais e poéticas.
Todas elas refletem (também no sentido de espelhar) a forma como vivemos pautados por valores impostos por segmentos como o mercado financeiro, a economia, os avanços tecnológicos, a urgência e a superficialidade das relações humanas. Sim, pois Izabel acaba por falar também de relações, que precisam ser transformadas, e de afeto, a partir do qual elas se estabelecem.
O palco está praticamente vazio. Em cena, um pequeno banco, levado pela atriz pelo espaço cênico, e uma garrafa. A união entre texto, direção e demais colaborações ocupa o todo com forte carga imagética. Izabel de Barros Stewart não está sozinha em cena. Não mesmo.
Sobre a bailarina e atriz:
Izabel de Barros Stewart é dançarina, performer, preparadora corporal, professora e, desde 2003, mestra em Dança pela Universidade Paris 8. Iniciou sua trajetória na dança nos anos 1990, integrando o Atelier de Coreografia, sob a batuta de João Saldanha. Trabalhou, na década seguinte, como bailarina e assistente de direção de Dudude Hermann, na Cia Benvinda de Dança, e como professora no Departamento de Artes Cênicas na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais.
Texto, atuação e idealização Izabel de Barros Stewart
Direção João Saldanha
Artista sonoro Antonio Saraiva
Preparação Vocal Pedro Lima
Figurinos e adereços Mauro Leite
Iluminação João Saldanha
Assistente de iluminação Vitor Emanuel
Artista Visual Roberto Unterladstaetter
Assessoria de Imprensa Christovam de Chevalier
Gestão e Conteúdo das Mídias Sociais Top na Mídia Comunicação
Fotografia Arte e Divulgação Carol Pires
Coordenação Administrativo-Financeira Grupo Saúva
Assistente de Produção Flavio Moraes
Direção de Produção Ana Paula Abreu e Renata Blasi
Produção Diálogo da Arte Produções Culturais
Realização Grupo Saúva
Vendas no local, uma hora antes da sessão, ou pelo sympla
Classificação indicativa: 10 anos