“Às portas de Benim”, do fotógrafo francês Jean-Jacques Moles, lança luz sobre um pouco conhecido cenário: Benim. Exposição apresenta 19 fotografias analógicas em preto e branco, resultado de um trabalho que se nutre da relação com o outro e seu cotidiano.
O fotógrafo esboça a imagem de um país travado entre passado e futuro, entre as certezas da vida da comunidade tradicional e os desafios da liberdade individual, entre os restos de uma longa história em camadas (o antigo Reino do Daomé, a colonização Portuguesa e Francesa, rituais de vodu, o comércio de escravos em Ouidah, cultura afro-brasileira de Porto Novo, e o ‘Cuba Africano’, experiência comunista entre os anos 70 e 80), e ainda as pressões de uma modernidade ambivalente (a problemática pós-colonial da ‘tutela’ pelos franceses e a violência religiosa nos países vizinhos Nigéria e Burkina-Faso).
Uma abordagem humanitária acompanha seu ensaio que exibe fotografias em formato quadrado, 50X50 cm, ampliações 100x100 cm e ainda formatos panorâmicos, principalmente verticais, 55x132 cm. O fotógrafo se esforça para manter uma relação com seus personagens, revê-los para construir uma história comum e até enviar suas fotografias por correspondência. A realização das impressões analógicas, a edição dos livros e as exposições permitem ao fotógrafo de dividir o que viveu, entre testemunha e diário íntimo.
A curadoria é do Milton Guran, também reconhecido por seu trabalho na África, e faz parte da programação do FotoRio 2017.