O Sesc RJ reabriu nesta sexta o Espaço Cultural Arte Sesc, localizado na Mansão Figner, no bairro do Flamengo. O casarão de estilo eclético passou por uma reforma estrutural, restauração e agora está apto a receber exposições artísticas. A mostra inaugural é “Notícias do Brasil: Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues”.
Com curadoria de Marcelo Campos e Pollyana Quintella, a exposição é composta por 48 gravuras assinadas por esses artistas e pertencentes à coleção do Sesc RJ.
A proposta da mostra é provocar a reflexão sobre a visão identitária que acompanhou o modernismo brasileiro no ano em que se comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.
No conjunto das obras, afirma o curador, é possível perceber um Brasil de forte tradição popular, nas festas, nas relações interétnicas, nas vendedoras de tabuleiro, nas janelas e sacadas dos sobrados coloniais.
Outros recortes curatoriais
A coleção do Sesc RJ conta com mais de uma centena de obras espalhadas em suas unidades no estado. Elas serão catalogadas, higienizadas e acondicionadas em salas apropriadas na sede do Flamengo de modo a permitir a continuidade das pesquisas em torno do acervo.
“Poder se debruçar sobre a coleção de obras de arte do Sesc RJ é vislumbrar um acervo que apresenta nomes notáveis da arte brasileira, principalmente, em torno de gravuras”, aponta o curador Marcelo Campos, que também está responsável por criar recortes curatoriais que serão levados adiante a partir desta primeira exposição.
Mural de 30 metros de Miguel Afa e Trio Julio
Além da exposição “Notícias do Brasil: Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues”, o público poderá contemplar, na área externa do casarão, um mural com cerca de 30 metros de autoria do jovem artista carioca Miguel Afa. Na obra, ele retrata o cotidiano de criação de seu filho por um pai negro.
“A relação entre pais e filhos, no Brasil, não se dá de modo tão regular e horizontal. Somos um país onde a paternidade desconhecida alcança altos índices. Miguel Afa, ao contrário das estatísticas, retrata um pai que acolhe, coloca o filho nas costas, o ensina a tocar violão, a ler e escrever”, observa o curador.
Mansão foi moradia do pioneiro da indústria fonográfica brasileira
Construída em 1912, a mansão tombada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) foi moradia do empresário tcheco Frederico Figner (1866-1947), pioneiro da indústria fonográfica no Brasil. Ele foi o fundador da Casa Edison, que revendia equipamentos de som e luz como fonógrafos, gramofones e kinetoscópios, e criador da primeira gravadora musical do Brasil, a Odeon.
Além das exposições, o local contará com atividades educativas destinadas ao público adulto e infantil. O espaço cultural do Sesc RJ, que ganhará também um bistrô com cardápio assinado pelo chef Frédéric Monier, funcionará de segunda a sábado, do meio-dia às 19h, com entrada franca.
Visitação gratuita de segunda a sábado, das 12h às 19h