O Festival Amazônico do Museu do Pontal, nos dias 12 e 13 de abril, vai celebrar a cultura da Amazônia para preservar a floresta de pé, o futuro dos povos e combater a crise climática com uma poderosa ferramenta: a arte.
E como a Amazônia é múltipla, terra do carimbó e da guitarrada, das lendas, da encantaria, casa de muitos povos originários, ribeirinhos, quilombolas, o festival busca espelhar essa diversidade.
A programação é puxada por Fafá de Belém, em show que celebra as guitarradas do Pará e tem na banda o Mestre Manoel Cordeiro (dia 12, às 19h). O evento tem entrada gratuita e livre para todos os públicos e é realizado com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da lei federal de incentivo à Cultura.
– O Pará existe. A nossa cultura é muito potente e diversa. Espero que a ruptura da bolha, esse redescobrimento da cultura paraense, seja definitiva. Que a música do Pará seja também a música do Brasil – afirma Fafá de Belém.
Também vão subir ao palco a amazonense Djuena Tikuna, uma das maiores referências da música indígena no país, que terá como convidada a paraense Aíla, cantora que é também uma das curadoras do festival (dia 12, às 16h30); Mestra Bigica e o grupo de carimbó Aturiá, com participação de Naieme, paraense de raiz marajoara indígena e quilombola (dia 12, às 17h30); Mestre Solano e Noites do Norte (dia 13, às 17h), e Mestre Damasceno, um dos autores do samba-enredo da Grande Rio no Carnaval deste ano, Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós (dia 13, às 18h).
Na programação estão ainda oficina de grafismos e carimbos usados para pinturas corporais do povo Tukano; oficina de gastronomia e cantos ancestrais Tikuna; contação de histórias e dança Kambeba, e uma sessão de filmes sobre brincadeiras indígenas, produzidos pela ONG Território do Brincar.
No dia 12, às 16h, serão inauguradas duas novas exposições. A individual Imagens da Intuição vai ocupar as duas galerias do mezanino com pinturas do artista Jair Gabriel, nascido em Roraima. São 35 trabalhos em que o artista mergulha em sua vivência na floresta com uma pintura luminosa e colorida. Cobra Canoa – por Paulo Desana e Larissa Ye’Pa, ambos naturais de São Gabriel da Cachoeira (AM), apresenta criações inspiradas na Origem da Humanidade, segundo seus diferentes povos, a partir de uma grande instalação e de fotos com luminescências, em uma sala da galeria principal.
– Os artistas convidados trazem obras significativas e que correlacionam os saberes tradicionais, suas vivências e as linguagens contemporâneas da arte. O público vai se deparar com formas e criações que mergulham em culturas e histórias muito diversas, como não podia deixar de ser, em uma região que traz saberes e estéticas como parte da estrutura sociocultural – informa Angela Mascelani, diretora do Museu do Pontal e uma das curadoras das exposições.
Em parceria com o Observatório do Clima, o Festival Amazônico vai antecipar discussões da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 – COP30, que acontecerá em Belém, em novembro. A Central da COP (dia 12, às 15h) será uma mesa-redonda ao estilo dos programas sobre futebol, com direito a bate-boca e replay de lances polêmicos, mas o assunto discutido é a emergência climática. É VAR em declaração de político, cartão vermelho para o negacionismo e prêmio Fair Play para as energias renováveis.
– O Instituto Cultural Vale busca valorizar, cada vez mais, os saberes e fazeres da Amazônia, região onde há 40 anos a Vale fomenta a preservação da floresta, a bioeconomia, o desenvolvimento sustentável. Por isso, atuamos sempre no sentido de promover o diálogo entre a diversidade de culturas e identidades amazônicas e as demais regiões do país, seja levando iniciativas culturais para a Amazônia, em especial o Pará, como mostrando a riqueza cultural amazônica para todo o país – diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale e Diretor de Clima, Natureza e Investimento Cultural.
Para completar a imersão no universo amazônico, o festival terá ainda uma feira de gastronomia e artesanato. Na parte gastronômica estarão presentes os restaurantes Pescados na Brasa, Tucumã e Cantinho do Pará, além de barracas de açaí, tapioca e de produtos do Norte, como farinhas e licor de cacau.
Nas barracas de artesanato o público vai encontrar cerâmicas, biojoias, cestaria e outras peças produzidas por indígenas, quilombolas, ribeirinhos e seringueiros de diversas partes da região amazônica. Nos dois dias do festival, o público contará com serviço gratuito de vans partindo do metrô da Barra e do terminal de ônibus Alvorada.
– A música brasileira feita na Amazônia é rica demais, do carimbó às aparelhagens, da guitarrada ao marabaixo. O Brasil precisa conhecer o Brasil. A Amazônia é 60% do território desse país. Fico muito feliz de contribuir com a difusão da nossa música e, ter sido convidada para a curadoria musical, junto com o Museu do Pontal, foi um presente. Os cariocas já amam a cultura do Norte e tenho certeza de que vão se apaixonar ainda mais pela diversidade musical dos artistas amazônicos que estarão no palco do festival – resume a cantora e musicista Aíla, uma das curadoras da parte musical do Festival Amazônico.
O Museu do Pontal, por meio da lei federal de incentivo à Cultura, tem a Shell como patrocinador master, o Instituto Cultural Vale como patrocinador estratégico, e como patronos Repsol Sinopec Brasil, Ternium, Tenaris e Itaú, além da Prefeitura do Rio.
Confira a programação completa
Sábado, dia 12 de abril
10h – Contação de histórias: Dança do Mascarado do povo Kambeba. Aden Souza Moreira, da etnia Kambeba, vai contar histórias de seu povo e apresentar ao público do festival a Dança do Mascarado. Nessa manifestação, as pessoas dançam usando somente máscaras de animais e incorporam personagens das lendas amazônicas, como o Curupira. A dança é praticada pelo povo Kambeba, no município de Amaturá (AM), mas outros povos indígenas também realizam danças semelhantes.
12h – Oficina de grafismo e carimbos do povo Ye’pa Mahsã. A artista plástica Larissa Ye'pa Mahsã conduz esta oficina, que procura apresentar os saberes tradicionais do povo Tukano, por meio de atividades práticas e interativas. Depois de explicar a importância das tradições culturais para os povos originários, a artista vai orientar os participantes na pintura corporal com os carimbos e com tinta natural.
14h - Sessão de filmes sobre brincadeiras indígenas produzidos pela ONG Território do Brincar.
14h30 – Brincadeiras indígenas com os arte-educadores do Museu do Pontal.
15h – Central da COP.
15h – DJ GUST - Nascido no sertão amazônico, o multiartista GUST toca flash brega, guitarrada, cumbia, lambada, calypso e ritmos caribenhos, enquanto projeta imagens que exploram cosmovisões periféricas da Amazônia.
15h30 – Grupo Folclórico Cultural Flores da Alegria
Apresentação do Grupo Folclórico Cultural Flores da Alegria, projeto social do Município de Nilópolis (RJ), formado por mulheres da melhor idade e que tem como objetivo contribuir para a história e o fortalecimento da arte e da cultura do Pará com a dança do Carimbó.
16h – Abertura das exposições Imagens da Intuição de Jair Gabriel e Cobra Canoa de Paulo Desana e Larissa Ye’Pa, com falas dos curadores do Museu, Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, e dos artistas Jair Gabriel, Paulo Desana e Larissa Ye’Pa.
16h30 – Show de Djuena Tikuna. Show com a cantora indígena Djuena Tikuna, do povo Tikuna, do Amazonas, uma das mais importantes referências da música indígena no país. Participação de Aíla.
17h30 – Show de Mestra Bigica com o grupo Aturiá. Participação de Naieme.
Show do grupo Aturiá, com Mestra Bigica, de Marapanim (PA), co-fundadora do primeiro grupo de carimbó com protagonismo feminino, o "Sereia do Mar". Suas composições trazem temáticas femininas, versando sobre a vida das trabalhadoras da roça, o cotidiano na lavoura, da floresta, do meio ambiente, das mulheres e do seu protagonismo.
19h – Fafá de Belém e as Guitarradas do Pará. O Show da cantora Fafá de Belém conta com clássicos de sua carreira e o público vai dançar, também, ao som da Guitarrada, um gênero musical que surgiu no Pará, a partir da fusão de vários ritmos.
Domingo, dia 13 de abril
10h, 10h50 e 11h40 – Bebês no Museu do Pontal. Roda de música, contação de história e movimento inspirada no universo da cultura popular. Para bebês de 6 meses a 3 anos. Senhas distribuídas 45 minutos antes das sessões. No dia 13 de abril, haverá edições inspiradas na cultura amazônica.
13h - Sessão de filmes sobre brincadeiras indígenas produzidos pela ONG Território do Brincar.
13h30 – Brincadeiras indígenas com os arte-educadores do Museu do Pontal.
14h – DJ Bôta – Camila Brasil é a Dj Bôta, de Belém (PA), de onde carrega as encantarias e a essência amazônica. O público vai dançar com guitarrada, lambada, cumbia, carimbó, festa junina, melody marcante e tecnobrega.
15h – Amazônia: Uma explosão de sabores. A oficina gastronômica é ministra pela médica e cozinheira Zaire Santos. Os participantes verão uma apresentação sobre alguns ingredientes básicos da alimentação Amazônica. Num ambiente informal e divertido, poderão vivenciar cheiros e sabores que vão fazê-los querer aprender mais sobre esse tema.
16h - Oficina Cantos que acalentam os Imortais, com Djuena Tikuna. A cantora indígena Djuena revela o canto dos encantados, a herança dos ancestrais que vive em cada um. Durante a vivência, o público conhece um pouco da cultura Tikuna, de como estes entendem o mundo através da musicalidade e de como se expressam com o canto, o grafismo das pinturas de jenipapo e o artesanato.
17h – Show com Noites do Norte e Mestre Solano. O grupo Noites do Norte nasceu há 12 anos e tem atuado fazendo uma ponte entre a cultura do Sudeste e a amazônica. Sua música traz uma releitura da guitarrada e do Carimbó paraense e funde esses estilos com o choro, a Cumbia, o brega, outras influências latino-americanas e o rock. Já Mestre Solano é uma referência da música amazônica, com as influências latinas vindas pela invasão das ondas das rádios dos países vizinhos, no Norte do país.
18h – Show Mestre Damasceno e Aturiá. Nascido no quilombo do Salvá, Mestre Damasceno é uma referência do carimbó do Marajó e o grupo Aturiá mistura música, dança e performances ao ritmo do Carimbó Pau e Corda. Apresentam um repertório rico do universo caboclo amazônico, com composições de mestres do Carimbó de raiz, como Verequete, Lucindo, Dikinho e mestra Bigica.