Um jovem pescador com deficiência visual embarca numa jornada lúdica e mágica para resgatar seu amor. Eis o ponto de partida de “O Pescador e a Estrela”, musical infantil que está de volta aos palcos cariocas.
Diretor da montagem, Thiago Marinho assina texto e letras das canções em parceria com Lucas Drummond – e os dois integram o elenco ao lado Diego de Abreu, Luisa Vianna e Sara Bentes.
A peça tem como protagonista um menino solitário (Lucas Drummond) que não consegue mais enxergar a felicidade. Ele é convidado por uma mensageira das estrelas (Sara Bentes) a voltar o olhar para dentro de si, a fim de entender que há coisas na vida que não podem ser vistas, apenas sentidas.
Nessa jornada, o menino se transforma no jovem Fabiandro, um pescador cego apaixonado por uma estrela, apesar de nunca tê-la visto.
O pescador e a estrela se encontram todas as noites à beira da praia, onde cantam, dançam e se divertem juntos. Certo dia, a estrela desaparece. Decidido a reencontrá-la, ele parte em uma jornada rumo ao céu. Ao seu lado vai Hortênsia (Luisa Vianna), uma menina superprotegida por suas tias e que sonha em conhecer o mundo.
O que ambos não sabem é que logo atrás deles está o ganancioso casal Prattes Prattes (Diego de Abreu e Thiago Marinho), que planeja roubar a estrela.
Para Drummond e Marinho, a peça traz uma mensagem de esperança, superação e fala sobre um reencontro com o que perdemos. “Passamos por anos de muita incerteza e medo. É como se uma luz em nós tivesse se perdido também, assim como a estrela de Fabiandro.
A peça lembra ao público que o que se perde nunca desaparece de verdade. Queremos inspirá-lo a reencontrar sua alegria, esse brilho dentro de si, porque acreditamos que é isso que a arte e a cultura fazem. A peça mostra que sempre há caminhos para não deixarmos essa luz se apagar, por mais difíceis que sejam de enxergar”, ressaltam os idealizadores e autores.
“O Pescador e a Estrela” joga luz sobre a questão da deficiência visual e promove a integração entre artistas cegos e videntes, ampliando a reflexão sobre a acessibilidade dentro das artes cênicas.
Sara Bentes, artista com deficiência visual, tem um extenso e premiado currículo como atriz, cantora, compositora e escritora. “Fazer parte deste musical é um desafio encantador e que me faz crescer muito. É uma felicidade estar num trabalho com tanta beleza e delicadeza. Fazer parte deste grupo é acolhedor, uma alegria”, diz Sara.
A direção de movimento é da atriz e bailarina Moira Braga, que também vive com deficiência visual. “Participar de um projeto novo e com essa qualidade de afetos e de talentos, com uma configuração artística que foca na acessibilidade e inclusão, é um presente. Eu me sinto muito honrada de poder atuar onde meu trabalho é reconhecido”, diz Moira.
A cenografia de Doris Rollemberg transforma o palco no universo íntimo e simbólico do protagonista. O espaço, pequeno e confinado, é cercado por véus, membranas que dificultam a visão, mas que caem quando seu mundo se expande através da sua imaginação. Entre os recursos usados para melhor movimentação da Sara em cena está o piso tátil emborrachado e feito com relevos.
As dez letras originais criadas por Marinho e Drummond ganharam melodias compostas por Wladimir Pinheiro. As canções são interpretadas ao vivo pelo elenco. A playlist da peça está disponível no Spotify.
“Esse é um trabalho que foi concebido por muitas mãos. Tenho uma gratidão imensa pela Moira Braga, que propôs essa subversão de papéis: ter a Sara Bentes, que tem deficiência visual, como protagonista, uma personagem vidente, conduzindo a história através do canto e do movimento, e o Lucas Drummond, que não tem deficiência, no papel de uma pessoa não vidente”, diz Bruno Mariozz. “Esse é o ponto que mais me encanta nesse trabalho, e que traz para a criança essa relação com o universo da infância, com o lúdico e o intangível”.
Thiago Marinho
Bacharel em teatro pela Faculdade Candido Mendes, Thiago Marinho é ator e dramaturgo. Entre seus últimos trabalhos estão as tragédias “Incêndios” e “Céus”, dirigidas por Aderbal Freire Filho. Protagonizou o espetáculo “Chacrinha - O Musical”, dirigido por Andrucha Waddington e participou de “Elis - A musical”, dirigido por Dennis Carvalho. É sócio fundador da “Nossa! Cia de atores”, com quem idealizou e atuou em “Tudo o que há Flora”, dirigido por Daniel Herz. No vídeo, pode ser visto no longa “Socorro, virei uma garota” de Leandro Nery e na série “Impuros”, de René Sampaio.
Lucas Drummond
Lucas Drummond é ator, roteirista, produtor, escritor e realizador. Formado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ, no Rio de Janeiro, e em Teatro pelo Tablado e pelo Stella Adler Studio of Acting, em Nova York, tem mais de 12 espetáculos teatrais no currículo. Em 2016, idealizou, produziu e atuou na peça "Tudo o que há Flora", vencedora do Prêmio Cenym 2016 de Melhor Cia. Teatral para a Nossa Cia. de Atores, da qual é fundador. Em parceria com a Nossa Cia., realizou também o musical "O Pescador e a Estrela" (2020-23), no qual foi coautor, letrista e protagonista. Na TV, seu principal trabalho foi "Todxs Nós" (HBO/2020), série dirigida por Daniel Ribeiro e Vera Egito. No cinema, viveu Aécio Neves no longa "O Paciente" (2018), de Sérgio Rezende; Vinícius em "Seguindo Todos Os Protocolos" (2022), de Fábio Leal e pelo qual foi indicado ao SESC Melhores Filmes de Melhor Ator; e escreveu, produziu e estrelou os curtas "Depois Daquela Festa" (2019) e "Todos Os Prêmios Que Eu Nunca Te Dei" (2022), selecionados para mais de 80 festivais. Atualmente, está em cartaz com "Órfãos", espetáculo que produziu e estrelou e que lhe rendeu uma indicação ao prêmio APTR na categoria Melhor Ator Protagonista.
Sara Bentes
Cantora, compositora e atriz premiada internacionalmente, tendo feito shows e participações em festivais de arte nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Suécia, Turquia, Tailândia e Argentina. É muito conhecida nas comunidades brasileiras com deficiência, especialmente visual, por escrever músicas, peças teatrais e livros que promovem a inclusão social. Sara lançou dois álbuns solo “Invisível” (2015) e “Tudo o que me faz vibrar” (2018), com músicas autorais e parcerias, além do EP em inglês “Live what I live” e singles, incluindo uma releitura da música “Toda espera”, de Jorge Vercillo. Como escritora, Sara tem seis livros publicados: um de crônicas e quatro romances – “E não se esqueçam de regar os girassóis” (2017), “Lauren” (2019), “O pai de Lauren” (2020) e o recém-lançado “Enquanto amanhecemos” – além de um livro sobre suas viagens internacionais, “Vem ver da minha janela” (2020).
Direção: Thiago Marinho
Texto e letras: Lucas Drummond e Thiago Marinho
Elenco: Lucas Drummond, Diego de Abreu, Luisa Vianna, Sara Bentes e Thiago Marinho
Figurino: Rocio Moure
Cenário: Doris Rollemberg
Iluminação: Renato Machado
Direção de Movimento: Moira Braga
Músicas e trilha originais: Wladimir Pinheiro
Programação Visual: Patrícia Clarkson
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Realização: Gaulia Teatro
Produção: Palavra Z Produções Culturais
Idealização: Nossa! Cia de Atores e Palavra Z Produções Culturais