Fernanda Kaingáng, uma profissional indígena e liderança de seu povo, é a nova diretora do Museu do Índio (futuro Museu dos Povos Indígenas). Sua nomeação acontece no ano em que o museu comemora 70 anos de existência.
Seu nome havia sido anunciado à equipe do museu por Joênia Wapichana, presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A indicação de Fernanda é resultante de um processo seletivo em que foram ouvidos diversos profissionais indígenas de todas as regiões do Brasil.
Advogada, Fernanda é a primeira indígena a se tornar mestre em Direito no Brasil e acaba de concluir doutorado sobre Patrimônio Cultural e Propriedade Intelectual pela Universidade de Leiden, nos Países Baixos.
A defesa de tese resultou na publicação da obra “Direitos Negados, Patrimônios Roubados: Desafios para a proteção dos conhecimentos tradicionais, recursos genéticos, e expressões culturais tradicionais dos povos indígenas no cenário internacional”, fruto de mais de 20 anos de experiência na área cultural.
É especialista pelos povos indígenas na América Latina no tema da proteção do patrimônio cultural, material e imaterial, em diferentes órgãos das Nações Unidas, a exemplo da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi) e da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).
Fernanda defende que o museu deve ser uma construção coletiva, a partir da consulta aos povos indígenas para que implementem seus conceitos sobre como promover cultura viva, como apresentar sua história e sua memória, a partir da diversidade de valores, usos, costumes, tradições da diversidade linguística e de biomas.
“Precisamos fomentar a inovação a partir de tradição, porque não temos culturas congeladas no tempo, engessadas atrás de um vidro. São culturas vivas, dinâmicas e em constante evolução”, destaca.
Fonte: FUNAI