Carla Madeira (@eucarlamadeira) é uma das autoras brasileiras mais lidas nos últimos anos, com best-sellers, como “Tudo é rio”, “Véspera” e “A Natureza da Mordida”.
Mineira de 58 anos, Carla é formada em jornalismo e publicidade. Ao mesmo tempo em que vive um luto triplo: pela perda da mãe, sua sócia na agência de publicidade, em Belo Horizonte, e de seu psicanalista, ela se entrega à paixão de escrever.
Carla Madeira é uma das presenças mais esperadas para esse sétimo dia de Bienal do Livro no Rio (@bienaldolivro), que foi declarada pela prefeitura como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.
Ela estará ao lado do escritor português Valter Hugo Mãe (@valterhugomae) no Café Literário, às 15h. O bate-papo vai girar em torno do tema “Escritas do coração” e será mediado pelo blogueiro Pedro Pacífico (@book.ster).
A jornalista Úrsula Neves (@ursulaoneves) entrevistou Carla Madeira para a Agenda Bafafá. Ela falou sobre escrita poética, influências literárias, 40 anos da Bienal do Livro e de seu próximo livro. Confira o bate-papo!
Úrsula Neves: Carla, muito obrigada por ter aceito o nosso convite! Em primeiro lugar, gostaria de saber como está a sua expectativa para participar desta edição histórica da Bienal do Livro e quais os momentos mais marcantes para você nestes 40 anos de evento?
Carla Madeira: Ah, estou com muita vontade de viver esse encontro com Valter Hugo Mãe, mediado pelo Pedro Pacífico, na Bienal! É maravilhoso sentir a literatura de língua portuguesa ganhar protagonismo, estamos vivendo um momento muito especial em todos os sentidos. Sobre um momento marcante nestes 40 anos de Bienal, acho que a história da censura ao beijo gay/ Marvel, em 2019, foi bem significativa. Foi uma reação incrível, comovente pra ninguém esquecer que é proibido censurar e que homofobia é crime.
Úrsula Neves: Sem dúvida, com certeza, bem lembrado! Agora buscando um pouco sobre o seu processo de criação: você possui uma escrita bem fluida, poética, transmitindo muita emoção. E as características dos seus personagens são muito bem trabalhadas. De onde você tira a sua inspiração para a construção desses universos?
Carla Madeira: Bem, quando eu era pequena, bastava conviver um pouco com uma nova amiga, para começar a falar igual a ela. Eu mimetizava os trejeitos de todo mundo, e minha mãe dizia: “para de imitar os outros”, como uma técnica do espelho. Hoje, dou um valor grande para essa qualidade, pois me parece uma facilidade em perceber o outro. Acho que escrever é, antes de tudo, escutar. Um pouco de imaginação e muita curiosidade diante de uma personagem, acho que é o que me acontece.
Úrsula Neves: Carla, gostaria de saber também quais os escritores que mais te inspiram. E também qual a sua relação com a obra de Clarice Lispector (que eu amo!).
Carla Madeira: A minha primeira grande influência literária são os nossos compositores de MPB. Depois eu diria, em um apanhado bem largo em termos de tempo: Monteiro Lobato, Agatha Christie, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Dostoievski, Victor Hugo...Com Clarice, em especial "A hora da estrela", foi o impacto da liberdade, da busca agônica pela palavra, pelo sentir, pelo que escapa.
Úrsula Neves: Realmente grandes influências! Como estamos chegando ao final da entrevista, tenho que perguntar a você se tem algum livro novo saindo do forno por aí….
Carla Madeira: Já estou pelejando! (risos) Meu próximo livro será uma polifonia, e é claro que não escapo do papel das famílias na compreensão da condição humana. Serão muitas vozes contando a história, vozes que se misturam. Mas ainda não consigo falar muito porque estou tateando a textura, buscando sonoridades, tudo pode mudar.
Úrsula Neves: Hum…já estou curiosa e ansiosa para o lançamento! Muito obrigada pelo bate-papo, nos encontramos pessoalmente na Bienal!
Carla Madeira: Vamos sim!
>> O maior festival de literatura, cultura e entretenimento do país, segue até o próximo domingo (dia 10) no Riocentro, na Barra da Tijuca, em sua edição histórica de 40 anos
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