Mineiro de Caratinga, mas radicado há décadas no Rio de Janeiro, o escritor Ruy Castro, um dos autores mais prestigiados do país, garante que a sua produtividade intelectual cresceu durante a pandemia a ponto de produzir quatro livros simultaneamente. Um deles, com lançamento previsto ainda em novembro.
Em entrevista exclusiva à Agenda Bafafá Rio, Castro fala sobre processo de criação, política e a CPI da Pandemia.
Como foram os tempos de pandemia?
Trabalho. Quatro livros em preparo --- o primeiro sai agora, no começo de novembro: “As vozes da metrópole --- Uma antologia do Rio dos anos 20”, pela Companhia das Letras. São mais de 400 páginas de frases, reportagem, poesia, ficção e polêmicas dos escritores e jornalistas cariocas dos anos 20 --- surpreendentemente modernos, absurdamente bem escritos.
Dei também uns dez cursos remotos de biografia e participei de não sei quantos debates. Além, claro, das quatro colunas por semana para a “Folha”. Tudo isso nos intervalos de lavar a louça, regar as plantas e trocar o pipcat.
O processo criativo aflorou ou diminuiu?
Aflorou, não, Multiplicou-se. Impressionante como a impossibilidade de fazer alguma coisa, como sair à rua, te permite fazer outras. Usar a cabeça, por exemplo.
Quais ensinamentos ficam dessa pandemia?
Enxergar melhor os outros. Tentar ajudá-los sem que percebessem. E, ao fazer isso, descobrir que estávamos apenas nos enxergando e nos ajudando.
E a participação do presidente Bolsonaro?
Foi pena ele não ter seguido o conselho que lhe dei pela minha coluna no começo do ano --- matar-se.
A CPI da Pandemia foi válida ou vai acabar em “pizza”?
Se acabar em pizza, vai desmoralizar de vez o pizzaiolo, que será o Aras. Mas acho que, em algum momento, vai render cadeia. Seja como for, já foi mais do que válida --- o relatório, se bem feito, será um documento para a história. Infelizmente, da nossa história.
Qual mensagem daria para seus leitores?
Que, por favor, continuem me lendo!
Foto: Divulgação
Leia mais: