A sede da Casa do Jongo da Serrinha, em Madureira, será reaberta oficialmente neste domingo (1º/12) , véspera do Dia do Samba, com uma grande festa cultural.
A construção, na Rua Compositor Silas de Oliveira, 101, no pé do Morro da Serrinha, passou por ampla reforma, viabilizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), com custo total de R$ 324.328,01.
A programação de retomada das atividades terá início às 9h, com um Cortejo Afro, que vai reunir integrantes de escolas de samba, incluindo Salgueiro, Império Serrano e Vila Santa Teresa.
Diversos blocos e coletivos artísticos já confirmaram participação, como Cordão do Boitatá, Agbara Dudu, Caxambu, Salgueiro, Miracema, Jongo do Quilombo da Machadinha, Jongo do Bracuí, Jongo de Mambucaba, Tambores de Urucum e Jongo Afrolage. Tia Surica da Portela também é presença confirmada no cortejo. A participação é gratuita e livre para todos os públicos.
Patrimônio imaterial brasileiro
A reforma do imóvel reflete o compromisso da Prefeitura do Rio de promover a salvaguarda do jongo, expressão cultural que integra percussão de tambores e dança de origem africana. Declarado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como patrimônio imaterial brasileiro, o jongo foi determinante para a formação do samba e faz parte da identidade carioca.
“A reabertura da Casa do Jongo da Serrinha devolve ao Rio um espaço de grande importância para a nossa herança civilizatória afro-brasileira. Com novas estruturas, como o estúdio de gravação, renovamos nosso compromisso com a valorização de nossa memória, resistência e aprendizado”, afirma o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.
A matriarca e presidente da Casa do Jongo, Deli Monteiro, também comemora a reabertura: “Para a gente é uma maravilha. Esperamos este momento por muito tempo. Quando veio a pandemia, parou tudo. Quando ela acabou, tentamos retomar a rotina, mas a sede estava muito deteriorada. Precisava mesmo da reforma. Estamos muito felizes com a retomada dos trabalhos aqui na sede.”
Entre as intervenções realizadas na Casa do Jongo da Serrinha, estão a substituição de trechos da calha do telhado; a correção de trincas na laje descoberta e no contrapiso; tratamento para conter e evitar infiltrações. A estrutura metálica do telhado, a escada e o guarda corpo foram pintados, bem como paredes e tetos de todo o complexo, com dois mil metros quadrados. Também na obra, o piso de madeira recebeu sinteco e as fachadas passaram por revitalização. Para manter a segurança dos frequentadores, a sinalização de emergência foi implantada e os equipamentos contra incêndio foram renovados.
62 anos de história
O Jongo da Serrinha foi fundado há 62 anos e ganhou sede própria em 2015, durante a segunda gestão do prefeito Eduardo Paes. Este ano, a concessão de uso do espaço foi renovada pela Prefeitura do Rio por mais 10 anos. A instituição desenvolve trabalho de preservação e difusão de manifestações culturais de matriz africana: o jongo, a capoeira, o samba e a gastronomia preta.
Durante o período de fechamento da sede, as atividades regulares, como cursos para crianças, adolescentes e jovens, foram transferidas para o antigo espaço, o Quilombinho Terreiro Tia Eva Emily, também em Madureira. Somente ensaios e reuniões continuaram acontecendo na sede oficial. A expectativa é de que a reforma e reabertura do espaço viabilizem um aumento significativo do número de alunos atendidos gratuitamente, que deve passar de 100 para 200 ao ano.
Novidades à vista
A coordenadora-executiva da Casa do Jongo, Dyonne Boy, conta que, com a reforma finalizada, os integrantes da instituição se mobilizam para acertar os últimos detalhes antes da reabertura. Os móveis passam por revitalização e o acervo recebe tratamento museológico. A proposta é que seja uma casa de memória afetiva no coração do subúrbio, funcionando como um museu.
“Nesta nova fase, a Casa do Jongo da Serrinha, que também recebe shows e outras atividades culturais, vai apresentar novidades, como o Estúdio de Gravação Mestre Darcy do Jongo, que será disponibilizado aos artistas. O Centro de Memória e Referência foi reorganizado e, para receber manifestações culturais em vários segmentos, foi criado um mini palco,” antecipa Dyonne.
O público também poderá visitar a exposição "Clara Nunes", uma parceria da Casa do Jongo com o Museu de Arte do Rio (MAR).
Programação de inauguração em 1º/12:
9h - Concentração do Cortejo Afro, na esquina Avenida Edgard Romero com a Rua Compositor Silas de Oliveira. O desfile vai percorrer as ruas da Serrinha.
10h - Chegada na Casa do Jongo da Serrinha e corte da fita inaugural
11h - Apresentação da Oficina de Tambores da Escola do Jongo da Serrinha
11h30 - Roda de jongo com os grupos Jongo da Serrinha, Caxambu do Salgueiro, Caxambu de Miracema e Jongo do Quilombo do Bracuí
13h - Roda de samba com Samba na Serrinha e convidados
20h - Encerramento