A biomédica Helena Nader, primeira mulher a comandar a Academia Brasileira de Ciências (ABC), seguirá à frente da entidade por mais três anos.
Ela foi reeleita para seu segundo mandato como presidente da instituição para o triênio 2025-2028. A chapa conquistou os votos de 362 membros titulares na Assembleia Geral Ordinária realizada em 11 de abril.
O químico Jailson Bittencourt de Andrade, pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da Universidade Senai-Cimatec e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, seguirá na vice-presidência da ABC. Integram a nova Diretoria os vice-presidentes regionais Adalberto Val (Norte), Anderson Gomes (Nordeste e Espírito Santo), Mercedes Bustamante (Minas Gerais e Centro-Oeste), Patrícia Bozza (Rio de Janeiro), Glaucius Oliva (São Paulo) e Ruben Oliven (Sul). A composição conta também com os diretores Mariângela Hungria (Secretaria Geral), Débora Foguel (Secretaria Institucional), Álvaro Prata (Tesouraria), Virgínia Ciminelli (Cooperação Institucional) e Luiz Drude de Lacerda (Comunicação).
A composição segue, em boa parte, a gestão anterior, o que indica um trabalho de continuidade, reforça Helena. “Gostaria de agradecer à nossa diretoria por todo o trabalho realizado em conjunto nesses três anos. Três integrantes não poderão continuar por questões pessoais, mas estarão conosco em diferentes atividades”, afirma.
Para o Conselho Fiscal foram eleitos Eliete Bouskela, Fernando Rizzo, José Roberto Boisson, Lívio Amaral e Vanderlan Bolzani. Para a Comissão de Seleção, os eleitos foram Célia Carlini, Esper Cavalheiro, Maria José Pacífico e Sérgio Adorno.
Entre as metas elencadas para o novo mandato, estão:
buscar mais investimentos em educação, ciência e tecnologia junto aos governos federal e estaduais, além do setor privado;
defender a criação de fundos para ciência, em especial para pesquisas em áreas críticas, como saúde, mudanças climáticas e sustentabilidade;
lutar pela valorização e direitos dos pós-graduandos e pós-doutores;
combater a fuga de cérebros e estimular a capacitação de jovens cientistas;
colaborar na formulação de políticas baseadas em evidências;
fomentar a igualdade de gênero e a diversidade na ciência, como por meio de programas de mentoria para jovens cientistas, especialmente mulheres e minorias;
ampliar a colaboração científica internacional, por meio de parcerias.
Segundo Helena, será feito também um grupo de trabalho para discutir a nova divisão de áreas de conhecimento na ABC. “Faremos um estudo para discutir essas áreas, assim como já ocorreu em outras academias. Hoje a ciência é mais transversal, e precisamos ter um novo olhar sobre como abordá-la.”
“Neste mundo complexo, onde novamente a ciência e educação estão sendo questionadas, a Academia Brasileira de Ciências, em conjunto com outras entidades e com a comunidade acadêmico-científica, terá papel muito importante na defesa da educação e ciência como motores para o desenvolvimento social, econômico e sustentável de qualquer nação, em especial do Brasil”, afirma Helena.
No primeiro mandato à frente da entidade, a gestão de Helena atuou na organização da edição brasileira do Science20 (S20), grupo de engajamento em ciência e tecnologia do G20, promoveu a participação da ABC em diferentes encontros nacionais e internacionais, buscou conter interferências políticas em fundações de pesquisa e defendeu bandeiras como a reformulação do ensino superior, o reconhecimento à participação feminina na ciência e o aumento dos recursos para a ciência e educação.
Foram realizados ainda diversos eventos científicos, como o Diálogos Nobel, em parceria com a Fundação Nobel, além de palestras e mesas-redondas; lançamento de livros, como o Evolução é Fato, marco no posicionamento da ABC contra teorias pseudocientíficas; e recomendações sobre temas estratégicos, como segurança alimentar, mudanças climáticas, combate à desinformação, inteligência artificial, entre outros.
Quem é Helena Nader
Professora titular do Departamento de Bioquímica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Helena aliou, ao longo de sua carreira, atividades de pesquisa ao exercício de cargos administrativos em destacadas instituições científicas. Foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, 2011-2017), e co-presidente da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS).
Bacharel em ciências biomédicas pela Unifesp e licenciada em biologia pela Universidade de São Paulo (USP), Helena obteve seu título de doutora em ciências biológicas pela Unifesp e realizou programa de pós-doutorado na Universidade do Sul da Califórnia, EUA. O foco de sua pesquisa é o estudo de glicosaminoglicanos, como a heparina, com aplicações biomédicas relevantes. Além da produção científica, ela é uma grande defensora do investimento em ciência e inovação no Brasil, destacando a importância da inclusão e da equidade de gênero no meio acadêmico.
Sua atuação como cientista foi reconhecida por distinções acadêmicas como o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2020, concedido pelo CNPq, Fundação Conrado Wessel (FCW) e Marinha do Brasil; o Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher (2020); o Prêmio Scopus 2007, concedido pela Elsevier e pela Capes; e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2008, outorgada pelo governo do Brasil. Também recebeu, em 2022, o título de Dr. Honoris Causa concedido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).