O vapor Saldanha Marinho foi construído na Inglaterra e trazido para o Rio de Janeiro em fatias distintas de onde foi transportado até Sabará-MG no dia 06 de março de 1869 em grandes carretas puxadas por bois.
Sob encomenda do imperador Dom Pedro II, o governo de Minas Gerais, através do conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, firmou contrato com o engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont – o Pai da Aviação-, para montar o vapor com 72 HP de força de rodas laterais.
Nascia então o “Saldanha Marinho” de rodas laterais
Inaugurado em 10 de janeiro de 1871 pelo imperador, o vapor foi lançado nas águas do Rio das Velhas acompanhado de grande festa. De lá foi até a cidade de São Francisco, atracando na Barra do Guaicui por muitos anos.
Chegou ao Porto de Pirapora em 1902 e foi incorporado ao patrimônio do Estado de Minas Gerais. O Saldanha Marinho foi o primeiro vapor a navegar no Rio das Velhas e no Velho Chico. Durante vários anos, navegou de Pirapora a Juazeiro, uma das principais hidrovias do país nas primeiras cinco décadas do século passado. Cada viagem durava dias, e foi assim por quase 60 anos.
Seu apito estridente atraía moradores ribeirinhos para vê-lo passar com suas duas rodas laterais. Gaiola foi o apelido dado pelos ribeirinhos a esse tipo de barco.
A capacidade de carga do Saldanha Marinho era de 6 toneladas e de 12 passageiros. A embarcação tem 28 metros de comprimento. Seu desempenho era de 23 km/h rio abaixo e 14 km/h leito acima.
O Saldanha Marinho ajudou no desenvolvimen-to econômico e social de Minas Gerais e de estados do Nordeste. A hidrovia do Velho Chico era um importante corredor entre o Sudeste e o Nordeste do Brasil, pois corta cinco estados: Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. O barco era o único meio de transporte para muitos moradores das cidades cortadas pelo rio, uma vez que naquela época a malha rodoviária do país era deficitária.
O vapor descansa em Juazeiro, numa praça às margens do Rio São Francisco. Tem o nome de batismo estampado com letras grandes no casco escuro, uma homenagem ao político que governou a província mineira de 1865 a 1867, e a paulista de 1867 a 1868. Hoje, o vapor é uma das principais atrações turísticas de Juazeiro.
Por sua vez, outro grupo defende a tese de que o vapor foi construído nos Estados Unidos, onde navegou no Rio Mississipi. No fim do século retrasado, segundo os que acreditam nessa versão, o gaiola teria sido desmontado e enviado para o Brasil. Primeiro, para ser usado no Rio Amazonas. Depois, no Velhas. Para isso, teria sido desmontado novamente e enviado para o povoado de Quinta do Sumidouro, próximo a Lagoa Santa, onde foi montado e colocado no rio.
A embarcação foi preservada e é exposta na orla ribeirinha da cidade de Juazeiro. A peça intercala momentos de abandono e manutenção e já chegou a funcionar como pizzaria.