Apesar de ser conhecida como o "furacão" que derrubou estruturas morais no Rio de Janeiro, Leila Diniz na adolescência, acreditem, era professora de jardim de infância em Ipanema. Estudou magistério e largou o ofício quando conheceu o cineasta Domingos de Oliveira com quem ficou casada três anos.
Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz. Primeiro estreou no teatro e logo depois passou a trabalhar na TV Globo, atuando em telenovelas.
Mais tarde, casou-se com o cineasta moçambicano Ruy Guerra, com quem teve uma filha, Janaína. Participou, ao todo, de 14 filmes, 12 novelas (cinco na Globo, três na Excelsior, duas na Paulista, uma na Record e outra na Tupi) e várias peças teatrais.
Foi protagonista da primeira novela produzida pela Globo, "Ilusões Perdidas", em 1965.
Leila Diniz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia, para a câmera do fotógrafo Joel Maia na ilha de Paquetá, para a revista Cláudia.
Também chocou o país inteiro ao proferir a frase: Transo de manhã, de tarde e de noite", ou ainda "Eu posso dar para todo mundo, mas não dou para qualquer um".
Considerada uma mulher à frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções, "a musa das musas", Leila foi invejada e criticada pela sociedade conservadora das décadas de 1960 e 1970 e por grupos feministas que consideravam que ela estava a serviço dos homens.
Leila falava de sua vida pessoal sem nenhum tipo de vergonha ou constrangimento. Concedeu diversas entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a entrevista que deu ao jornal O Pasquim em 20 de novembro de 1969.
Nessa entrevista, ela, a cada trecho, falava palavrões (ao todo 72) que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo. O exemplar foi o terceiro mais vendido da história do jornal, com 117 mil exemplares.
E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz.
Em janeiro de 1971, dois policiais compareceram aos estúdios da TV Tupi, no antigo Cassino da Urca, para cumprir a determinação judicial. Para evitar a prisão de sua jurada, o apresentador Flávio Cavalcanti aconselhou Leila a ir ao banheiro assim que o programa voltasse do intervalo comercial.
Nos bastidores, Leila trocou de vestido com Laudelina Maria Alves, a Nenê, sua secretária, e fugiu. Perseguida pela polícia e Política Social, Leila se esconde em Petrópolis no sítio de Flávio Cavalcanti, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda. Depois, a ordem de prisão foi revogada, mas ela teve que assinar um termo de responsabilidade dizendo que não falaria mais palavrões, negando sua personalidade.
Alegando razões morais, a TV Globo do Rio de Janeiro não renova o contrato com a atriz.
Meses depois, Leila reabilita o teatro de revista, e começa uma curta e bem sucedida carreira de vedete. Estrela a peça tropicalista Tem banana na banda, improvisando a partir dos textos escritos por Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho. Recebe de Virgínia Lane o título de Rainha das Vedetes. No carnaval de 1971, Leila foi eleita Rainha da Banda de Ipanema por Albino Pinheiro e seus companheiros.
Morreu num acidente aéreo, no voo 471, da Japan Airlines, no dia 14 de junho de 1972, aos 27 anos, no auge da fama, quando voltava de uma viagem à Austrália. Suas cinzas foram sepultadas no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio.
Após o falecimento de Leila, sua filha Janaína foi criada pelo cantor Chico Buarque e sua então esposa, a atriz Marieta Severo.
Por sua carreira, sua história e seu legado, entrou para a lista das 10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio.
Fonte: Wikipedia/Biblioteca Nacional