A utilização de rochas como principal fonte de matéria-prima para construção de edifícios e ruas era característica peculiar à cidade do Rio de janeiro e arredores, desde sua fundação até o século XIX.
As pedreiras históricas influenciaram o traçado urbano e a formação de núcleos populacionais, com conexões econômicas em todos os estratos sociais.
O material delas extraído hoje se encontra, em suas diversas formas de uso, expostos no conjunto arquitetônico do chamado Rio Antigo, situado no centro econômico e turístico da capital.
Além das casas de moradia, grandes marcos históricos da cidade, como o Aqueduto da Lapa, o Paço Imperial, o Obelisco da Av. Rio Branco e antigas igrejas foram levantadas com blocos de rochas.
Com a vinda da Coroa Portuguesa, em 1808, o crescimento urbano ganhou novo impulso e as pequenas frentes de extração abertas em diversos pontos da cidade foram expandidas a fim de atender a uma maior demanda.
É, portanto, no século XIX que as regiões centrais e sul da cidade atingem o apogeu da extração de rochas que, sob um regime de exploração intensiva, chega a zonas então distantes, como Copacabana.
No entorno do Morro da Conceição, situado entre a atual Avenida Presidente Vargas e a Zona Portuária, desenvolveu-se um grande complexo de extração com frentes conhecidas como São Diogo, Valongo, Livramento e Providência, de acordo com as denominações dadas às diferentes porções do conjunto rochoso. A dimensão deste complexo, cuja explotação prolongou-se até o final da década de 1960, atesta sua importância como fonte de matéria-prima na metrópole em expansão.
Outra extração importante no desenvolvimento da cidade era na antiga pedreira localizada na rua Pedro Américo. Dalí saíram as rochas para a edificação da Igreja da Candelária.
A própria Igreja da Glória, erguida a partir de 1713, no local onde antes havia a ermida de Antonio Caminha, foi construída com o granito desta pedreira famosa então por fornecer as melhores pedras de cantaria da cidade.
Destaque ainda para a pedreira do Morro da Viúva, uma das mais antigas da cidade. Seu primeiro registro oficial data de 1618, quando monges do Mosteiro de São Bento solicitaram à Câmara a concessão de vinte braças de pedreira no morro, então conhecido como Morro do Leripe, para uso das pedras nas obras de sua igreja, iniciada em 1633.
E ainda a pedreira localizada ao lado do cemitério São João Batista cujas pedras também serviram para edificar o conjunto.
Fonte: Soraya Almeida e Rubem Porto Junior - Depto. de Geociências, UFRuralRJ,Seropédica