Nascido em Ubá (MG) no dia 7 de novembro de 1903, Ary Evangelista Barroso, conhecido apenas como Ary Barroso, foi um dos maiores compositores da música brasileira. Ficou famoso por seus sambas e por ser autor de Aquarela do Brasil, uma das músicas mais tocadas no Brasil e no mundo.
Ary Barroso foi o artista mais gravado por Carmen Miranda, com 30 músicas. Ao todo são conhecidas cerca de 264 composições de sua autoria. Aquarela do Brasil, por exemplo, teve centenas de gravações mundo afora e, até hoje, é uma das músicas que mais produz direitos autorais no exterior.
Órfão de pai e mãe aos 6 anos, Ary foi criado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende e sua tia, que lhe ensinou piano. Realizou estudos curriculares na Escola Pública Guido Solero, Externato Mineiro do prof. Cícero Galindo, Ginásios: São José, Rio Branco, de Viçosa, de Leopoldina e de Cataguases.
Estudou teoria, solfejo e piano com a tia Ritinha. Com doze anos já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal, em Ubá. Aos treze anos trabalhou como caixeiro da loja "A Brasileira" e com quinze anos fez a primeira composição, um cateretê "De longe".
Em 1920, com o falecimento do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, recebeu uma herança de 40 contos (milhões de reis). Então, aos 17 anos mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito, ali permanecendo sob a tutela do Dr. Carlos Peixoto.
Aprovado no vestibular, ingressa em 1921 na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Faculdade seria importante na consolidação da veia artística, esportiva e política. Quando calouro, foram colegas de Faculdade mais chegados: Luís Galotti (jurista, dirigente esportivo e posteriormente ministro do STF), João Lira Filho (jurista e professor), Gastão Soares de Moura Filho (dirigente esportivo), João Martins de Oliveira, Nonato Cruz, Odilon de Azevedo (ator), Taques Horta e Anésio Frota Aguiar (jurista, político e escritor).
Adepto da boemia, é reprovado na Faculdade, abandonando os estudos no segundo ano. Suas economias exauriram o que o fez empregar-se como pianista no Cinema Íris, no Largo da Carioca e, mais tarde, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes com a orquestra do maestro Sebastião Cirino. Tocou ainda em muitas outras orquestras.
Em 1926 retoma os estudos de Direito, sem deixar a atividade de pianista. Dois anos depois é contratado pela orquestra do maestro J. Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Nessa época, Ary resolve dedicar-se à composição. Compõe "Amor de mulato", "Cachorro quente" e "Oh! Nina", em parceria com Lamartine Babo, seu contemporâneo na Faculdade de Direito.
Em 1929 obtém, finalmente, o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Seu colega de Faculdade e grande incentivador, Mário Reis, grava "Vou a Penha" e "Vamos deixar de intimidades", que se tornou o primeiro sucesso popular.
Em 1930, Ary Barroso venceu o " Grande Concurso de Música Popular", para escolha de canções carnavalescas, promovido pela Casa Edison e pelo jornal Correio da Manhã, com a marchinha "Dá Nela", com o prêmio de cinco contos de réis.
Nos anos 1930, escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca. Aquarela do Brasil teve a primeira audição na voz de Aracy Cortes e regravada diversas vezes no Brasil e no exterior. Recebeu o diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem Você já foi à Bahia? (1944), de Walt Disney.
A partir de 1943, manteve durante vários anos o programa A hora do calouro, na Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musicais.
Também trabalhou como locutor esportivo (proporcionando momentos inusitados ao sair para comemorar os gols do seu time, o CR Flamengo), iniciando na profissão quando substituiu o locutor oficial da Rádio Cruzeiro do Sul, que se ausentou do microfone por problemas de saúde.
Autor de centenas de composições em estilos variados, como choro, xote, marcha, foxtrote e samba, foi o compositor de No Tabuleiro da Baiana (1936) e Na Baixa do Sapateiro (1938), Os Quindins de Yayá (1941), Boneca de piche e Rio de Janeiro (1945), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor canção original.
Durante os a década de 1940 e a década de 1950 compôs vários dos sucessos consagrados por Carmen Miranda no cinema. Ao compor Aquarela do Brasil, inaugurou o gênero samba-exaltação.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1964, de cirrose hepática decorrente do alcoolismo, e está enterrado no Cemitério de São João Batista.
Fonte: Wikipedia e Biblioteca Nacional