Em 1861, as florestas da Tijuca e das Paineiras foram declaradas por D. Pedro II como Florestas Protetoras e teve início então um processo de desapropriação de chácaras e fazendas, com o objetivo de promover o reflorestamento e permitir a regeneração natural da vegetação.
A missão do reflorestamento foi confiada ao
Major Manuel Gomes Archer, que iniciou o trabalho com seis escravos, alguns feitores, encarregados e assalariados que deram início ao reflorestamento.
Em apenas 13 anos, mais de 100 mil árvores foram plantadas, principalmente espécies da Mata Atlântica.
O substituto do Major Archer, o Barão d’Escragnolle, filho de franceses nascido no Rio, manteve os esforços de reflorestamento e iniciou também um trabalho de paisagismo voltado para o uso público e a contemplação. Sob coordenação do renomado paisagista francês Auguste Glaziou, a floresta foi transformada em um belo parque com recantos, áreas de lazer, fontes e lagos.
Escragnolle mudou-se para a Floresta indo morar onde é hoje o restaurante dos Esquilos. Amante da natureza, transformou o local num lugar de passeio, sem perder a exuberância de selva.
A aleia de eucaliptos e algumas pontas que vemos hoje são resquícios deste trabalho. O plantio teve continuidade nos anos seguintes e, associado ao processo de regeneração natural, formou a grande floresta existente hoje no Maciço da Tijuca.
Gastão Luís Henrique de Robert d'Escragnolle era um franco-brasileiro que morreu no Rio de Janeiro em 1886. Nobre de carreira militar, foi ajudante de ordens de Duque de Caxias e abandonou a caserna como tenente-coronel para se dedicar à administração pública.
Amigo de Dom Pedro II, foi convidado para criar os traçados da Floresta da Tijuca, que lhe deve seu embelezamento e sua projeção na cidade.
Gruta de Paulo e Virginia e seus entornos, inclusive a Fonte Humaitá, são um recanto que foi valorizado pelo Barão de Escragnolle. E o nome da gruta vem de personagens de um romance que o Barão apreciava.
O local Mirante Excelsior e seu caminho também foi um dos pontos valorizados pelo Barão. Originalmente o Mirante foi construído na gestão do Barão, entre 1874-1887 e reformado na gestão de Castro Maya, entre 1943-1947.
A Fonte Pirajú, também construída por Escragnolle, situa-se à aproximadamente 800 metros da Gruta Paulo e Virgínia. Trata-se de um bloco imitando pedra com água escorrendo em uma bacia de alvenaria de tijolos, revestida com argamassa de cimento e areia.
Ele foi autor também da primeira picada de trilha em direção ao Pico da Tijuca, aberta em 1853. No ano de 1885, o Barão sinalizou o caminho para os visitantes e excursionistas de então.
Em 1961, o Maciço da Tijuca – Paineiras, Corcovado, Tijuca, Gávea Pequena, Trapicheiro, Andaraí, Três Rios e Covanca – foi transformado em Parque Nacional, recebendo o nome de Parque Nacional do Rio de Janeiro, com 33 km².
Seis anos depois, em 8 de fevereiro de 1967, seu nome foi definitivamente alterado para Parque Nacional da Tijuca e, em 4 de julho de 2004, um Decreto Federal ampliou os limites do Parque para 39,51 km², incorporando locais como o Parque Lage, Serra dos Pretos Forros e Morro da Covanca.
O patrimônio natural é sem dúvida o mais conhecido e consagrado no Parque, mas sua ocupação ao longo de quatro séculos gerou uma valiosa herança histórico-cultural, que hoje se constitui em um importante acervo a ser preservado.
Fonte: Parque Nacional da Tijuca
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