Degredados de Portugal, os ciganos se instalaram no início do século XVIII onde é hoje a Praça Tiradentes e seus acampamentos chamavam a atenção. Mas, ao contrário dos ciganos da Europa, aqui eles se fixaram e prosperaram nos negócios, inclusive comercializando escravizados.
Outros viraram "meirinhos" e oficiais de justiça e não é a toa que a região abrigava cartórios e juizados forenses. Meirinho era o magistrado encarregado de aplicar a Justiça e fiscalizar a aplicação da justiça nas terras senhoriais.
Entre os comerciantes de escravos, quem mais destacou-se foi o cigano José Rabelo que acumulou grande fortuna e na metade do século XIX era um dos homens mais ricos da cidade. Consta que ele guardava barras de ouro e que certa vez teve que escorar a sua casa situada na atual Praça Tiradentes.
Outros ciganos enriqueceram emprestando dinheiro a juros e vendendo todo tipo de produtos. Teve ainda os ciganos artistas que abriram teatros e bares tornando a região polo de agitação cultural.
Segundo rumores, até o insaciável Dom João VI cultivava um fascínio especial por uma cigana.
O curioso é que a atual Rua da Carioca, passagem para o acampamento dos ciganos, tinha o nome de Caminho do Egito pois se atribuía que os ciganos eram povos que migraram pelo Egito. Mais curioso ainda é que antes disso tinha o nome de Rua do Piolho.
Em sua História das ruas do Rio, Brasil Gerson levanta a possibilidade que Caminho do Egito é porque a rua tinha um oratório com a imagem da fuga de Maria, José e o Menino Jesus para o Egito para escapar ao infanticídio decretado por Herodes.
Alguns ganharam muito dinheiro negociando escravos e chegavam a ter "armazéns" para expor o "produto". Mesmo tidos como ralé na sociedade da época fizeram fortuna e aplicavam castigos absurdos com os escravizados. E como dominavam o judiciário sua atuação era ilimitada.
Nem assim, a fama dos ciganos era boa. A sociedade como um todo os via como associados à criminalidade e a ladrões. A verdade é que tinha os ciganos ricos e os pobres, os últimos muitas vezes protagonistas de práticas excusas.
Fonte: Cássio Loredano e Rodrigo Corrêa Teixeira
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