Sérgio Silveira, popularmente conhecido como Gaúcho, era o fotógrafo ambulante mais conhecido da região da Lapa. Falecido em 2010, atuou durante 37 anos registrando o vai e vem de pessoas circulando nos bares do bairro. Até os anos 90, Gaúcho utilizava uma Rolleifllex, mas com a modernidade passou a usar uma Fuji Instantânea azul e posteriormente uma Polaroid.
Gaúcho tinha por hábito começar o expediente às 21h no antigo Manuel e Joaquim, hoje bar Os Ximenes. Depois seguia para o Nova Capela e pelo menos mais 23 bares, restaurantes e casas noturnas, terminando às 4 da manhã.
Morador da Lapa desde o início da década de 70, Gaúcho pendurava a máquina no pescoço e se vestia com terno vermelho escuro, gravata borboleta vermelha e cabelo arrumado a pente fino.
No bolso do paletó, ele tinha uma lista de todos os ilustres que já foram fotografados por ele, entre eles Ivone Lara, João Nogueira, João Saldanha, Maria Bethânia e Moacir Silva. Gaúcho foi o responsável pelos últimos registros de Madame Satã, de quem era amigo, no lançamento de sua biografia, no segundo andar do Capela.
O Início
A carreira como fotógrafo só foi possível por causa de uma decepção amorosa. Ao descobrir que sua mulher já o havia traído duas vezes, Gaúcho decidiu sair de casa. Sem teto nem emprego, Sérgio conseguiu uma máquina com um amigo. E, assim começou a sua vida de fotógrafo na Praça da Cruz Vermelha. De lá, seguiu para a Praça Tiradentes, e só depois foi parar na Lapa.
Naqueles tempos, o fotógrafo tinha um laboratorista de confiança com quem revelava diariamente os filmes de sua Rolleiflex. Antes da era digital fazia mais de mil cliques por mês, mas nos anos 90 e 10 tirava pouco mais de 5 fotos por dia, cada uma a 20 reais, o suficiente para comer e pagar a pensão.
Gaúcho chegou a escrever a mão parte do livro de memórias "A Minha História da Lapa" contando as histórias da Lapa, mas ao morrer o material se perdeu.
Gaúcho faleceu em 2010 sem ter realizado seus últimos desejos: casar novamente e realizar a cerimônia em cima dos Arcos da Lapa. Ele foi enterrado no dia 17 de março de 2010 no Cemitério do Catumbi.
Foto: Salvador Scoffano
Fonte: Lá na Lapa