O bairro Santa Teresa era o preferido dos estrangeiros que residiam no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. Muitos foram desbravadores, construíndo casas e hotéis no local. O bairro era uma espécie de "oásis" em meio a uma cidade apertada, com ruas estreitas e pouco ventilação, ideais para surtos de doenças contagiosas como a febre amarela.
Mesmo com hotéis de grande reputação como Carson, Grand Hotel, Hotel dos Estrangeiros, Hotel d'Angleterre, Royal Hotel e Hotel de France, o Hotel da Vista Alegre em Santa Teresa atraía estrangeiros e até princesas, entre elas, Teresa da Baviera, que chegou a morar no local.
Ele ficava no alto do morro de Santa Teresa e das suas janelas e terraços era possível avistar toda a cidade, Niterói, o porto e a baía com suas fortalezas.
Com três andares, tinha estilo suíço, portas de vidro e venezianas que davam para varandas de madeira que circundavam a casa. Os quartos eram mobiliados com todo conforto, com destaque para o restaurante, o grande jardim bem cuidado, excelentes banheiros, "ligação telefônica com a cidade", campainhas elétricas em todas os ambientes e preços relativamente razoáveis comparado aos do mesmo padrão. Mesmo passando o bonde na porta, chegar ao Centro podia demorar 45 minutos.
A princesa, que esteve hospedada várias semanas incognitamente no local poucos meses antes da proclamação da República, era uma pesquisadora de ciências naturais e de etnologia e a partir do hotel saía com um guia para explorar a biodiversidade das matas do bairro.
"O dia de hoje foi dedicado ao Corcovado, esse morro em forma de corcunda de 735 metros de altura, em cujas encostas mais baixas nós nos encontrávamos no Hotel Vista Alegre", escreveu a princesa no diário de viagem.
O diplomata alemão Carl von Koseritz, hóspede do hotel, escreveu em 26 de abril de 1883: "Preferí o Vista Alegre porque, ao que se diz, não há febre em Santa Teresa. Aqui se respira um ar puro e a parte posterior do edifício tem vista para as matas espessas que ainda cobrem os altos do pico do Corcovado".
Fonte: Revista Brasil-Europa
Foto: IMS - Acervo Marc Ferrez