TURISMO >> Histórias do Rio

  • Marquesa de Santos, amante e mãe de cinco filhos de Dom Pedro I

    Da Redação em 24 de Maio de 2021    Informar erro
    Marquesa de Santos, amante e mãe de cinco filhos de Dom Pedro I

    Muito se fala das escapadas de Dom Pedro I com Domitila de Castro do Canto e Melo, mais conhecida como a Marquesa de Santos. Mas pouca gente sabe que fruto dessa relação nasceram cinco filhos. 
     
    O relacionamento teve início em 29 de agosto de 1822 e terminou em 1829. Sete anos que podem ser acompanhados nas mais de 200 cartas trocadas entre eles e dispersas em arquivos públicos e particulares, nacionais e estrangeiros.
     
    Residente em São Paulo, Domitila já tinha três filhos de um casamento anterior com um alferes de Vila Rica, em Minas Gerais. Decepcionada com as frequentes agressões do marido ela conseguiu o divórcio após uma tentativa de assassinato por conta de uma herança de família. 
     
    Domitila e família mudaram-se para a corte em 1823, onde viveriam sob a proteção de D. Pedro, coroado imperador em dezembro do ano anterior. Em 4 de abril de 1825, após ser afrontada pelas damas de companhia da imperatriz, ela foi nomeada Dama Camarista, posto acima das demais damas do paço.
     
    No mesmo ano, em 12 de outubro, foi feita Viscondessa de Santos, e em 12 de outubro de 1826 recebeu o título de Marquesa de Santos, ambos acrescidos com as honras de grandeza.
     
    Do relacionamento com d. Pedro I, Domitila teve cinco filhos, sobrevivendo apenas duas meninas: Isabel Maria (1824-1898), reconhecida pelo imperador e feita Duquesa de Goiás, e Maria Isabel (1830-1896), condessa de Iguaçu por casamento.
     
    Consta que Dom Pedro comprou uma casa para Domitila perto da Quinta da Boa Vista e que existia até um túnel secreto para encontros entre os dois. Durante o romance, o Imperador mandou dezenas de cartas. "Já que não posso arrancar meu coração para te mandar, recebe esses dois cabelos do meu bigode, que arranquei agora mesmo para te mandar". Ele assinava as cartas como o "Demonão", "Fogo-Foguinho" ou simplesmente o "Imperador".
     
    Com a morte da imperatriz d. Leopoldina, d. Pedro buscou uma nova esposa na Europa. Com a aproximação da chegada ao Rio de Janeiro da nova imperatriz brasileira, d. Amélia de Leuchtenberg (1812-1873), Domitila, grávida da última filha do imperador, foi banida pelo amante da corte no segundo semestre de 1829.
     
    Domitila voltou para São Paulo em 1829 com bens que incluíam mais de quarenta escravos e tornou-se uma das pessoas mais abastadas da cidade.
     
    No início de 1833 envolveu-se com o então presidente da Província de São Paulo, Rafael Tobias de Aguiar, riquíssimo sorocabano. O relacionamento foi oficializado somente em 1842 em Sorocaba, durante a Revolução Liberal. Domitila só concordou com o casamento “de papel passado” quando o destino do companheiro, principal líder do movimento, tornou-se incerto. Diferente dos costumes da época, a Marquesa exigiu que o casamento fosse feito com separação de bens. Assim ela continuaria gerindo a sua própria fortuna, mantendo-se independente financeiramente.
     
    Com o término da revolta, e a consequente fuga de Tobias para o Rio Grande do Sul, Domitila refugiou-se com as crianças e a sogra em um convento de Sorocaba. Cavou ela mesma uma vala no jardim do prédio para esconder os bens da família e do próprio convento.
     
    A sua presença impediu que as tropas governamentais que invadiram a cidade profanassem o local. Como deferência pela marquesa, o Barão de Caxias, futuro Duque (1803-1880), mandou que alguns oficiais a escoltassem para São Paulo, não sem antes escrever para a esposa dando notícias sobre Domitila: “Estimei que a marquesa se vá conservando fresca”. Na época, ela tinha 44 anos e já havia passado por 14 gestações.
     
    Domitila, ao saber que Tobias de Aguiar fora capturado e levado preso para o Rio de Janeiro, partiu para a corte e rogou, por meio de um procurador, para que o imperador d. Pedro II (1825-1891) a deixasse cuidar do companheiro doente. O requerimento foi deferido, e ela pôde morar com o marido na prisão.
     
    Meses depois, o imperador anistiou os envolvidos na revolução, e o casal voltou para casa. Ela e Tobias ficaram juntos por 24 anos, até a morte dele, em 1857. Tiveram seis filhos: Rafael, João, Antônio, Brasílico, Gertrudes e Heitor, os dois últimos falecidos na infância.
     
    Devido a uma enterocolite aguda, a Marquesa de Santos faleceu em seu solar às 16h30 do dia 3 de novembro de 1867, às vésperas de completar 70 anos. 
     
    O total dos bens inventariados da Marquesa chegou a 1.308:848$600 (um mil, trezentos e oito contos, oitocentos e quarenta e oito mil e seiscentos réis), que daria, atualmente, cerca de R$ 120 milhões.
     
    Deixou em testamento dinheiro para a compra das alfaias litúrgicas da capela do cemitério municipal e esmolas para a “pobreza envergonhada”. Está sepultada no Cemitério da Consolação, onde acabou por se transformar em santa popular. Em seu túmulo, sempre bem cuidado devido a uma promessa feita a ela pelo sanfoneiro Mario Zan, podem ser vistas algumas placas de graças alcançadas.
     
    Com a princesa Leopoldina, Dom Pedro I teve sete filhos: D. Maria, D. Miguel, D. João Carlos, D. Januária, D. Paula, D. Francisca e D. Pedro, este último virando Imperador do Brasil depois que seu pai abdicou do trono para voltar a Portugal.
     
    Fonte: Museu da Cidade de São Paulo
     
    Leia mais: 


    • TURISMO QUE PODEM TE INTERESSAR

      A saga dos desbravadores do Dedo de Deus, topo foi alcançado em 1912
      Saiba Mais
      Arquibancada do Clube Fluminense foi parcialmente demolida com o alargamento da Av. Pinheiro Machado
      Saiba Mais
      Inaugurado em 1872, Canal Campos-Macaé é o segundo canal artificial mais longo do mundo
      Saiba Mais


    • COMENTE AQUI

      código captcha

      O QUE ANDAM FALANDO DISSO:


      • Seja o primeiro a comentar este post

DIVULGAÇÃO