Localizado no Norte do Estado, o Parque Estadual do Desengano (PED) abrange parte dos municípios de Santa Maria Madalena, São Fidélis e Campos dos Goytacazes.
Ele é o primeiro e único Dark Sky Park (em português, um “parque escuro”) da América Latina, local onde estrelas e outros astros invisíveis nas cidades, ocultos pela poluição luminosa, proporcionam um espetáculo noturno.
No Desengano, o grau de escuridão chega a 21,75 mag/arcsec2, uma medida que o qualifica como padrão ouro, próximo do máximo de 22 estabelecido pela IDA. Essa medida indica que a Via Láctea é claramente visível e o céu, repleto de luz e cor.
Estima-se que o local proporciona a visão de mais de três mil estrelas e outros astros.
A Pedra do Desengano é seu principal atrativo e ponto culminante, com 1.761 metros de altitude. Além da grande relevância ecológica dessa unidade de conservação, uma rica cultura no seu entorno e a diversidade de seus atrativos naturais possibilitam a recreação e o turismo ecológico.
Dentro de seus limites, estão protegidas a fauna, a flora, os ecossistemas, garantindo a preservação dos recursos naturais. Trata-se do conjunto de serras mais bem conservadas da região, de uma densa vegetação e rica biodiversidade, possibilitando atividades tais como pesquisa científica e educação ambiental.
Criado em 1970, o parque é uma das mais antigas unidades de conservação estaduais do Rio de Janeiro. Inicialmente foi a Floresta Estadual de Santa Maria Madalena (instituída pelo Decreto-Lei nº 131, de 24 de outubro de 1969).
Sua primeira demarcação estabeleceu a área aproximada de 25 mil hectares. Em 1979, novo perímetro mais preciso foi instituído, que é o atual, de cerca de 22.400 hectares.
A história da região foi marcada pela ocupação de variados povos. Além dos índios Coroados, Purís e Goitacás, que se concentravam bem ao norte do estado, e dos portugueses, em seguida vieram suíços, alemães e italianos, que introduziram seus hábitos e costumes, dando início às mudanças no ecossistema nativo.
Durante o século XVII a colonização trouxe a intensificação do povoamento. O apogeu da produção agrícola ocorreu no século XIX, com grandes plantações de milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca e, principalmente, café.
A ocupação definitiva na Serra Fluminense, porém, só se consolidou com a decadência da mineração do ouro e da prata em Minas Gerais, na primeira metade do século XIX, época em que surgiram municípios como Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis, Santa Maria Madalena, entre outros.
O declínio da cultura do café resultou na substituição de seu cultivo por pastagens, causando grande impacto ambiental. As áreas de maior declividade e de acesso mais difícil representavam o que restou para ser preservado, sendo o parque, portanto, um espaço importante para a conservação da biodiversidade da região.
A vegetação da região inclui floresta ombrófila densa, floresta estacional semidecidual e campos de altitude.
Das 176 espécies de mamíferos encontradas no Estado do Rio, 33 foram identificadas na área do parque, 16 destas ameaçadas de extinção. Veado-mateiro (Mazama americana), a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), a onça-parda (Puma concolor) e a jaguatirica (Leopardus pardalis) podem ser citados, entre outros.
Entre os primatas estão o macaco-prego (sapajus nigritus), o bugio (Alouattaguariba clamitans) e o muriqui (Brachyteles arachnoides), escolhido como símbolo do parque.
Já foram identificadas por volta de 167 espécies de aves, muitas destas ameaçadas de extinção, como a jacutinga (Pipile jacutinga) e o macuco (Tinamus solitarius).
O clima tropical apresenta temperaturas elevadas com chuva no verão e seca no inverno. A temperatura média anual é de 20ºC, sendo que, nos meses mais frios, as mínimas são inferiores a 18ºC.
Com intensa influência dos ventos úmidos do mar, a região é submetida a ampla ocorrência de chuvas, especialmente nos trechos de maior altitude e na área voltada para o Oceano Atlântico. Os totais anuais médios variam entre 1.100 mm e cerca de 1.450 mm, nas maiores altitudes.
Fique atento: Para o período de chuvas fortes mais frequentes, que vai do mês de setembro a abril. A melhor época para visitação é de maio a agosto.
Com 1.761 metros de altitude, é o ponto culminante do parque e um dos atrativos mais procurados. A trilha de acesso tem 3,6 km, com alto grau de dificuldade, devido, principalmente, à declividade do percurso. O tempo estimado de subida é de 4 horas.
Antes de chegar à Pedra do Desengano, o caminho percorre a Serra dos Marreiros por trechos íngremes dentro da floresta, com passagem sobre lajes de pedra, cobertas de bromélias e orquídeas.
Ao chegar ao cume, a vista é privilegiada. É possível ver a Serra da Morumbeca e a Serra Grande, que formam a paisagem conhecida como “mar dos morros”, compondo parte do Vale do Paraíba do Sul. Em dias de boa visibilidade, pode-se avistar também a baixada litorânea.
Como chegar :
Em Santa Maria Madalena é necessário tomar o caminho da Estrada de Terras Frias. Na guarita, logo após um pórtico, começa outra estrada que leva à Estalagem Morumbeca. A trilha tem início à direita do chalé, na Estalagem, próximo à porteira da estrada.
Com mais de 70 metros de altura, a Cachoeira Tombo d’Água impressiona pela imponente queda e grande beleza. A Cachoeira Maracanã, com cerca de 5 metros de altura, forma uma piscina natural propícia para banho, tendo formação curiosa, como um anfiteatro, contendo em volta estruturas geológicas que lembram claramente as arquibancadas de um estádio, o que remete ao monumental estádio do Maracanã.
As duas cachoeiras estão muito próximas, com menos de 10 minutos de caminhada entre os dois atrativos.
Como chegar :
Pela Estrada para Mocotó. O início da trilha fica próximo à Porteira da Fazenda do Mocotó, ao lado da ponte de madeira que leva à Escola Municipal de Mocotó.
Fonte: Parques RJ
Fotos: Site Parques RJ e Página Amigos do Parque do Desengano FB