Muita gente nunca sequer ouviu falar no Parque do Mendanha. Apesar de não ser tão famoso, o parque criado em 2013, na área metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, é um dos últimos grandes remanescentes florestais de Mata Atlântica na região que abrange os municípios do Rio, Nova Iguaçu e Mesquita.
Além de proteger e conservar, foi declarado, em 1992, Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O objetivo da criação da unidade de conservação foi manter esta área densamente florestada, com espécies biológicas raras e ameaçadas de extinção, bem como as nascentes de inúmeros cursos d’água contribuintes do rio Guandu, que abastece os municípios do Rio e região do Grande Rio, além de permitir a recuperação das áreas degradadas ali existentes.
A origem do nome Mendanha está ligada ao primeiro fazendeiro local, o sargento mor Luiz Vieira Mendanha, produtor de açúcar, café, aguardente e dono de grande número de escravos.
No início do século XX, a fazenda Mendanha ganhou notoriedade como uma das primeiras terras cariocas a desenvolver o cultivo do café e, posteriormente, por fornecer matrizes para os maiores cafezais fluminenses, que seguiram o ciclo em direção ao Vale do Paraíba. O local destacou-se também, juntamente com o Maciço da Pedra Branca, como gerador das mudas usadas no reflorestamento da Floresta da Tijuca.
Os primeiros colonizadores chegaram a essa região no início do século XVII. No local eram cultivados canaviais e foram construídos engenhos de açúcar. Também houve uma grande extração da preciosa madeira chamada tapinhoã, que substituía o carvalho no reparo das naus portuguesas avariadas. Esta madeira, de alta dureza e resistência, somente podia ser usada pela Coroa Portuguesa, devido a sua importância estratégica.
No século XIX, segundo pesquisadores, já havia cafezais, escravos e engenhos nas fazendas Espírito Santo e Mata-Fome que dominavam a região. Já início do século XX, as fazendas foram vendidas a um certo Conde Modesto Leal, já como os nomes de fazenda Dona Eugênia e São Felipe.
Na Serra do Mendanha nasceu e morou o naturalista Francisco Freire Alemão, um dos maiores botânicos brasileiros, que viveu numa chácara, no século XIX. Era também médico, cuidava do Imperador Pedro II e da família real, de quem se tornou amigo. No campo, grafou nomes populares e científicos de vegetais, animais e insetos. Também desenhava as espécies, facilitando muito o trabalho dos pesquisadores que o sucederam.
Este local histórico, e desde o seu descobrimento povoado e explorado em suas riquezas, tornou-se uma área protegida por abrigar um dos últimos grandes remanescentes florestais da Mata Atlântica da região metropolitana do Rio.
A região do maciço Gericinó-Mendanha também está legalmente protegida por três outras unidades de conservação: Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual de Gericinó-Mendanha e complementarmente por dois parques naturais municipais: o Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha (PNMSM) e o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI), este último na Serra de Madureira, abrangendo parte dos municípios de Nova Iguaçu e Mesquita.
Fotos: Facebook Parque Estadual do Mendanha