O Instituto de Desenvolvimento e Gestão deu início às obras de valorização do sítio arqueológico do Cais do Valongo, localizado na região da Pequena África, no centro do Rio de Janeiro.
O projeto é uma parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan e a Prefeitura do Rio, e começa na semana em que o Cais do Valongo completa seis anos como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
“As intervenções do IDG no Cais do Valongo visam contribuir com a preservação da memória e o reconhecimento histórico do local, que foi o principal porto de chegada dos africanos escravizados nas Américas. As obras tornarão o espaço mais acessível e seguro, e o projeto expográfico propõe uma reflexão crítica sobre o período da escravização e suas sequelas”, explica Sergio Mendes, Diretor de Projetos do IDG.
No projeto, que contempla adequação física, sinalização do sítio arqueológico e instalação de módulos expositivos, serão investidos mais de R$ 2 milhões pela transmissora de energia elétrica State Grid Brazil Holding, por meio de financiamento pela linha de Investimento Social para Empresas - ISE, do BNDES.
"Contribuindo para a preservação e valorização de um sítio arqueológico da relevância do Cais do Valongo, a State Grid Brazil reafirma sua participação e o apoio à proteção da herança cultural e histórica da sociedade brasileira", afirma Ramon Haddad, Vice-Presidente da State Grid Brazil Holding.
A obra de revitalização tem previsão de entrega até novembro de 2023 e inclui três etapas: a instalação de guarda-corpo permanente; a implantação de módulo expositivo com totens que irão contar a história da região, sob curadoria da professora Ynaê Lopes dos Santos, historiadora especialista na História da escravidão e das Relações raciais nas Américas. Neste espaço será instalada uma escultura que tem a forma do continente africano, dependendo do ângulo em que se observa. Aos pés desta obra, uma rosa dos ventos aponta para a África, como referência ao legado da cultura afro-brasileira para a história do país.
Também fica a cargo do IDG a instalação de sinalização que faz referência ao patrimônio cultural acautelado, em placas e mapas que informam sobre sua história. O projeto de sinalização integra o Cais do Valongo no circuito de herança africana na região, conectando através de referências visuais e placas indicativas outros pontos de interesse como a Pedra do Sal, o Jardim Suspenso do Valongo e Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira - MUHCAB.
O projeto de iluminação do sítio histórico, que foi desenvolvido pelo IDG e será implementado pela Prefeitura do Rio, foi pensado para realçar traços arquitetônicos do sítio arqueológico e criar uma experiência visual, sem comprometer a integridade arqueológica do sítio.
Na iluminação cênica, as luzes coloridas em monumentos podem ser utilizadas em datas comemorativas em prol de causas sociais. A Prefeitura também foi responsável pela descoberta - durante as obras do Porto Maravilha - e preparação do sítio arqueológico.
Histórico do projeto
Em 2017, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro - via Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Educação e Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) - representaram o governo brasileiro perante a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e assinaram o Plano de Promoção Arqueológica do Cais do Valongo.
No documento as instituições mencionadas comprometem-se a elaborar e executar um plano para reforçar o valor universal excepcional do sítio arqueológico e inseri-lo na malha urbana da cidade. O objetivo geral foi o de realizar ações de pesquisa, promoção e socialização, a fim de ressignificar a relação entre o bem cultural e o seu entorno urbanístico e paisagístico.
Os projetos desenvolvidos pelo IDG foram apresentados e debatidos no âmbito do Comitê Gestor do Cais do Valongo, instância de governança do bem Cultural Patrimônio Mundial, reinstituído pela Portaria Iphan nº 88 de março de 2023. Direcionado para a gestão compartilhada e participativa do sítio, o grupo é composto por 15 instituições representativas da sociedade civil e 16 governamentais nas esferas federal, estadual e municipal. Entre as instituições integrantes estão o Ministério da Cultura (Minc), a Fundação Palmares e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O Iphan coordena os trabalhos do comitê.
Entre os objetivos essenciais do Comitê Gestor estão promover a instalação da estrutura de gestão integral, compartilhada e participativa do Sítio; estabelecer as diretrizes para a execução das ações propostas no plano de gestão; monitorar a efetividade das ações governamentais necessárias à preservação e salvaguarda do bem; e promover a articulação entre as políticas municipal, estadual e federal que incidem sobre o Sítio Arqueológico.
Fonte: IDG