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  • Lapa, um bairro com muita história, surgiu no meio do século XVIII

    Da Redação em 31 de Janeiro de 2021    Informar erro
    Lapa, um bairro com muita história, surgiu no meio do século XVIII

    A história da ocupação urbana Lapa começa em 1751, quando foi fundada a Igreja de Nossa Senhora da Lapa do Desterro (daí o nome do bairro), à margem da então Lagoa do Boqueirão.
     
    Suas festas e quermesses passaram a atrair várias pessoas e alguns armazéns se instalaram no entorno. O número de casas comerciais da região aumentou significativamente com a transferência da capital do Brasil, de Salvador para o Rio, em 1763, pois vários comerciantes portugueses se fixaram por ali.
     
    O adensamento vertiginoso da área só ocorreu mesmo com a vinda da família real, em 1808, quando a Lapa e o Caminho do Catete disputavam a preferência de moradia dos aristocratas que chegaram ao Rio. Em 1810, os padres carmelitas também passaram a promover a festa do Divino Espírito Santo, com barraquinhas armadas no Largo da Lapa. O evento durava cinco semanas, atraía muita gente e acabou se transformando no mais importante festejo popular da época, na cidade.
     
    Em 1838, a região contava com 6.500 habitantes e, em 1888, esse número triplicara. A essa altura, quem tinha mais posses já havia se mudado para os emergentes bairros do Flamengo, de Botafogo e Laranjeiras, deixando a Lapa para pequenos negociantes – como vidraceiros, açougueiros e barbeiros – e camadas mais pobres da população, algumas vezes instaladas nos decadentes casarões aristocráticos transformados em casas de cômodos e cortiços.
     
    No final do século XIX, os botequins que ficavam abertos durante a noite começaram a fazer a fama da Lapa como lugar de boemia.
     
    A abertura da Mem de Sá ocorreu no início do século XX, no contexto das grandes reformas urbanas promovidas durante a gestão do então prefeito Pereira Passos (1902-1906). Desde os tempos coloniais, a Estrada de Mata-Cavalos (atual Rua do Riachuelo) era a principal via de ligação do Centro com os caminhos que levavam para o Engenho Velho (Tijuca) e as diversos cercanias ao Norte. 
     
    Para construir a nova avenida, Pereira Passos usou os métodos do bota-abaixo, com intimações que davam pouquíssimos dias para as famílias abandonarem seus lares.
     
    Casas, casebres e cortiços foram demolidos em poucas semanas, junto com o arrasamento do Morro do Senado. Os destroços da velha colina, cujo cume ficava na altura da atual Praça da Cruz Vermelha, serviram para aterrar o que ainda restava de alagadiços na Lapa, além de toda a região portuária, que, na época, era entrecortada por várias pequenas enseadas.
     
    A Mem de Sá foi inaugurada em 1906 junto com o primeiro lampadário ornamental do Rio de Janeiro. Fixado no Largo da Lapa, era um ícone da modernidade na cidade, onde o serviço de luz elétrica nas ruas havia chegado em 1904. Pela avenida também passou a circular outro grande símbolo do progresso: o bonde movido à eletricidade.
     
    A boemia e seus personagens
     
    A chegada da energia elétrica impulsionou o movimento noturno da cidade. O tipo de boemia que se consolidou na Lapa relaciona-se com as reformas de Pereira Passos, que expulsou as camadas mais baixas da população do eixo da Avenida Central (atual Rio Branco), inaugurada pouco antes da Mem de Sá e transformada na grande vitrine da capital da jovem República. A consequência dessa política urbanística foi a criação de um cinturão de pobreza em torno do centro da cidade.
     
    Os teatros, cinemas, cafés, clubes e restaurantes das praças Floriano (Cinelândia) e Tiradentes (que logo entraria em decadência) eram frequentados pelas camadas mais altas e médias: funcionários públicos, empresários, comerciantes, fazendeiros... Mas uma outra face do lazer noturno – cabarés, botequins, gafieiras e inferninhos – passou a florescer na Lapa, Praça Onze e região portuária.
     
    Numa das rondas da polícia de costumes que Madame Satã, exímio capoeirista, ganhou seu nome de guerra. Poucas semanas depois de ter vencido – com uma fantasia de morcego repleta de lantejoulas – um concurso promovido pelo bloco carnavalesco Caçadores de Veado, foi preso junto com outros homossexuais, nas proximidades do Largo da Lapa. Ao ser indagado sobre qual era seu apelido e dizer que não tinha, o policial perguntou se não não era o vencedor do “concurso das bichas” (como se dizia na época), vestido de Madame Satã.
     
    É que o policial associou a fantasia de morcego ao figurino da atriz que protagonizava um filme americano homônimo, que fazia sucesso no Rio, na época. E assim, nasceu o codinome mais célebre do bairro.
     
    Com a Lei das Contravenções Penais de 1941, voltada para a manutenção da ordem político-social e dos costumes, a repressão policial aumentou e a Mem de Sá e toda a Lapa testemunharam o fechamento de seus cabarés, pensões de quartos de hora, inferninhos...
     
    A decadência tornou-se inevitável. A boemia tomou outro rumo, o de Copacabana, ganhando novos ares de modernidade.
     
    Mas a Lapa e seus malandros já estavam eternizados na memória e identidade dos cariocas. 
     
    Texto: Márcia Pimentel/Multirio


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