De uso corrente, em especial no Rio de Janeiro, cabeça de porco significa 'cortiço', que é uma habitação coletiva, de muitos cômodos, ocupada por moradores de baixo poder aquisitivo.
A origem é um cortiço que havia na rua Barão de São Félix, no Rio de Janeiro. No local, hoje funciona o terminal de ônibus Américo Fontenelle, ao lado do edifício-sede da antiga Central do Brasil.
O cortiço era o mais célebre do país e tinha pertencido ao Conde d'Eu, marido da princesa Isabel, que carregava a fama de tratar os inquilinos com crueldade.
A habitação recebeu esse nome por ter no portal de entrada exatamente uma cabeça de porco esculpida em ferro.
Em janeiro de 1893, a Intendência Municipal, pressionada pela especulação imobiliária, mandou demolir a construção, ignorando os pedidos de clemência dos proprietários e das duas mil pessoas que ainda moravam no local.
Para remediar a coisa, o prefeito Barata Ribeiro mandou dar "de presente" aos ex-moradores os restos de suas casas, incluindo os pedaços de madeira.
Foi com estas sobras de demolição que eles subiram o morro da Providência, que era o mais próximo, e construíram suas casas improvisadas.
Nos textos e ilustrações, a Revista Illustrada criticou severamente a iniciativa de Barata Ribeiro, associando-o ironicamente ao inseto, como no trecho: "Uma barata que engole um porco pela cabeça merece um foguetório fantástico. Fogo nella!"