Dois personagens marcaram época no final do século XIX no Rio de Janeiro. Candido Gaffrée e Eduardo Palassim Guinle começaram a meteórica carreira de empreendedorismo com um armarinho na Rua da Quitanda, no Centro do Rio.
A loja Aux Tuileries, que vendia tecidos franceses prosperou e era frequentada pela Imperatriz Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II.
Em apenas 10 anos, já haviam enriquecido e decidiram expandir os negócios. Passaram a investir na construção de estradas de ferro e se tornaram empreiteiros com obras no Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas e Pernambuco.
Em 1888, quando foi feita a licitação para o Porto de Santos, já tinham construído 1.500 km de ferrovias. Foi quando decidiram apostar no investimento que previa a ampliação do porto em troca da concessão por 39 anos.
Com prestígio e influência na Corte e no Clube de Engenharia, além da facilidade em obter créditos bancários, conseguiram vencer a licitação. Apenas 14 dias depois montaram a Gaffrée Guinle &Cia que seria responsável pelo gigantesco empreendimento.
Com sócios minoritários e como gerentes únicos da empreitada, o capital da empresa era de 4 mil contos de réis, o equivalente à arrecadação tributária da província de São Paulo no ano de 1889.
O curioso é que nem Gaffrée, nem Guinle moravam em Santos e sim no Rio de Janeiro. A concessão previa que as obras teriam que começar em fevereiro de 1889, sob pena de cancelamento do contrato.
Mesmo com a deposição da monarquia em 1891, os negócios foram prejudicados. Eduardo e Cândido conseguiram garantir a concessão durante a República.
A Gaffrée Guinle & Cia seria extinta em 1895 no prazo previsto para a conclusão das obras. Ainda em 1892, criaram a sociedade anônima Cia. Docas de Santos, que além de construir o porto, podia agenciar a navageção e transporte terrestre.
Com as influências no governo republicano conseguiram a proeza e a esperteza de prorrogar a concessão para 92 anos. Assim a Cia. Docas de Santos passou a explorar o porto até 07 de novembro de 1980.
Fonte: Livro Os Guinle, de Clóvis Bulcão
Leia mais: