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  • Visconde de Mauá, de caixeiro de armazém ao maior empreendedor do Brasil

    Da Redação em 20 de Maio de 2021    Informar erro
    Visconde de Mauá, de caixeiro de armazém ao maior empreendedor do Brasil

    Nascido em 1813, aos cinco anos de idade Irineu Evangelista de Souza ficou órfão de pai em 1818, assassinado por ladrões de gado no Rio Grande do Sul. Acabou criado por um tio no interior de São Paulo onde foi alfabetizado.
     
    Aos nove anos de idade foi morar no Rio de Janeiro e, por indicação do tio, começou a trabalhar como caixeiro de armazém das sete horas da manhã às dez da noite, a troco de moradia e comida.
     
    Aos 11 anos foi trabalhar também como caixeiro na casa de comercial de João Rodrigues Pereira de Almeida, conhecido negociante de grosso, senhor de engenho e traficante de escravos, de quem se tornou empregado de confiança, vindo a ser promovido, em 1828, a guarda-livros.
     
    Com a falência do patrão foi admitido na empresa de importação do escocês Richard Carruthers em 1830, onde aprendeu inglês, contabilidade e aperfeiçoou a arte dos negócios. Aos 23 anos tornou-se gerente (1836) e, logo depois, sócio da empresa.
     
    Quando Carruthers retornou ao Reino Unido, em 1839, Irineu assumiu os negócios da empresa e adquiriu uma chácara em Santa Teresa onde foi residir auxiliando conterrâneos envolvidos na Revolução Farroupilha a escapar de prisões no Rio de Janeiro.
     
    Em 1839, mandou buscar sua mãe, Mariana de Jesus Batista de Carvalho e sua única irmã, Guilhermina de Sousa Machado, que residiam no Rio Grande do Sul. Junto com elas, chegou ao Rio de Janeiro a sua sobrinha, Maria Joaquina de Sousa Machado, a May, apelido dado em referência ao mês de aniversário da mesma, "maio" em inglês, por quem Irineu se apaixonou e casou em 1841.
     
    Do casamento com sua sobrinha, Irineu teve 18 filhos, sendo que apenas 11 nasceram vivos. A morte prematura da maioria dos filhos, devido a doenças, é atribuída à proximidade do grau de parentesco entre Irineu e sua esposa e dos problemas genéticos decorrentes desse fato.
     
    Em uma viagem de negócios à Inglaterra, em 1840, ele conheceu fábricas, fundições de ferro e o mundo dos empreendimentos capitalistas, convencendo-o de que o Brasil deveria trilhar o caminho da industrialização.
     
    A Inglaterra, já era o pivô da Revolução Industrial e o Brasil ainda um país de produção rural. Ao retornar, diante da decretação da chamada tarifa Alves Branco (1844) e da alta dos preços do café no mercado internacional no período, decidiu tornar-se um industrial.
     
    Acabou conseguindo junto ao governo imperial brasileiro a concessão do fornecimento de tubos de ferro para a canalização do rio Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro (1845) e adquiriu uma pequena fundição situada na Ponta da Areia, em Niterói, na então Província do Rio de Janeiro. Esta acabou transformada em um estaleiro de construções navais, que para muitos deu início à indústria naval brasileira.
     
    Em apenas um ano, sua Fundição e Companhia Estaleiro da Ponta da Areia quadruplicou o patrimônio e tornou-se o maior empreendimento industrial do país, empregando mais de mil operários e produzindo navios, caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, além de artilharia, postes para iluminação e canos de ferro para água e gás.
     
    Deste complexo saíram mais de 70 navios em 11 anos, entre os quais as embarcações brasileiras utilizadas nas intervenções platinas e as embarcações para o tráfego no rio Amazonas.
     
    Em 1849, construiu o maior navio mercante até então construído no país, o Serpente, um navio negreiro rápido, encomendado por Manuel Pinto da Fonseca, que depois de realizar uma única viagem de tráfico de escravos à África, foi vendido à Marinha do Brasil e rebatizado Golfinho.
     
    O estaleiro, na Ponta da Areia, Niterói, foi destruído por um incêndio em 1857 e reconstruído três anos mais tarde. No entanto, acabou indo à falência com lei de 1860 que isentou de direitos a entrada de navios construídos fora do país. 
     
    Acabou investindo no tráfico de escravos. Com a extinção do tráfico negreiro, a partir da Lei Eusébio de Queirós (1850), voltou a investir na industrialização dividindo as atividades de banqueiro e acumulando uma fortuna aos 40 anos de idade.
     
    Conseguiu uma concessão de 20 anos para o projeto de iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro e substituiu 21 milhas de lampiões a óleo de baleia por outros, novos, de sua fabricação, erguendo uma fábrica de gás nos limites da cidade. 
     
    Acabou vendendo os direitos de exploração a uma empresa de capital britânico, mediante 1,2 milhão de Libras esterlinas e de ações no valor de 3 600 contos de réis.
     
    Reabriu o estaleiro e criou a Companhia de Navegação do Amazonas (1852), com embarcações a vapor. Posteriormente, em 1866, o Império concedeu a liberdade de navegação do rio Amazonas a todas as nações, levando Mauá a desistir do empreendimento, transferindo novamente os seus interesses a uma empresa de capital britânico.
     
    Insaciável, construiu a primeira ferrovia do país com 14 quilômetros entre o porto de Mauá, na Baía de Guanabara e a estação de Fragoso, na serra da Estrela em Petrópolis. No dia da inauguração (30 de abril de 1854, na presença do imperador e de autoridades, a locomotiva, posteriormente apelidada de Baroneza (em homenagem à esposa), percorreu o percurso em 23 minutos. Com tal façanha recebeu o título de Barão de Mauá. 
     
    Em 1852, fundou o Banco Mauá, MacGregor & Cia, com filiais em várias capitais brasileiras e em Londres, Paris e Nova Iorque. No Uruguai, fundou em 1857 o Banco Mauá e Cia., sendo o primeiro estabelecimento bancário daquele país, inclusive com autorização de emitir papel-moeda, sendo que tal banco abriu filial em Buenos Aires, tendo sido citado por Jules Verne como um dos principais bancos da América do Sul.
     
    Chegou a controlar 17 empresas, com filiais operando em seis países. Sua fortuna em 1867 atingiu o valor de 115 mil contos de réis, enquanto o orçamento do Império do Brasil para aquele ano contava apenas com 97 mil contos de réis. Estima-se que a sua fortuna seria equivalente a 60 bilhões de dólares, nos dias de hoje.
     
    Contrário à Guerra do Paraguai, foi deputado pela Província do Rio Grande do Sul em diversas legislaturas, tendo renunciado ao mandato em 1873 para melhor cuidar de seus negócios. No ano seguinte, conseguiu o título de Visconde.
     
    Com a falência do Banco Mauá (1875), pediu moratória por três anos, sendo obrigado a vender a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros e ainda os seus bens pessoais para liquidar as dívidas.
     
    Adoentado com diabetes e com o pouco que lhe restou e o auxílio de familiares, dedicou-se à corretagem de café até a morte, aos 76 anos de idade, em sua residência na cidade de Petrópolis poucas semanas antes da queda do Império.
     
    Seu corpo foi trazido à corte de trem, pela mesma estrada de ferro que construíra anos antes, e sepultado no mausoléu de sua família, no Cemitério de São Francisco de Paula, no bairro do Catumbi.
     
    Fonte: Wikipedia e Biblioteca Nacional
     
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