Um estudo conduzido por Estevão Fernandes, antropólogo da Universidade Federal de Rondônia e Barbara Arisi, professora visitante da Vrije Universiteit Amsterdam, apontou que a homossexualidade não era tabu entre os índios brasileiros.
Antes da vinda dos europeus para o país, os indígenas mantinham relações homoafetivas como algo normal, apontou o estudo, afirmando que a homofobia foi algo criado pelos colonizadores.
Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores se basearam nos relatos de navegadores que estiveram no Brasil durante os primeiros anos de colonização e descreviam que entre os índios eram comuns práticas sexuais que a civilização europeia classificava como “imorais”.
Segundo o antropólogo Luiz Mott, quando os portugueses chegaram ao Brasil escandalizaram-se ao encontrar tantos índios praticantes da homossexulidade. "Eram chamados na língua tupinambá de tibiras, enquanto o padre francês André Thevet (1575) intitulou-os de berdache, termo de origem persa para descrever nativos homossexuais", conta Mott no livro Histórias do Brasil para Ocupados.
E complementa: "Também muitas mulheres indígenas entregavam-se umas às outras em relações lésbicas".
Registros indicam índios gays desde o século 16, considerados como "sodomitas" que sofriam violência física com requintes de crueldade por parte dos colonizadores. O processo de "catequização" dos índios incluía muitas vezes atos cruéis como punição ao "pecado".
O preconceito contra homossexuais em tribos indígenas brasileiras hoje em dia ainda é grande, dizem os pesquisadores. Em algumas tribos, homossexuais podem ser vítimas de violência física, expulsão e até morte.
Fonte: Tiago Minervino/Observatório G e livro História do Brasil para Ocupados