Quando Dom João VI aportou no Rio de Janeiro, em 07 de março de 1808, transferindo a corte praticamente para o meio da selva, uma de suas primeiras preocupações foi dar à cidade uma organização policial digna da capital de um império.
Afinal, o então pequeno trecho urbano da cidade, além de ter um amontoado de pequenas casas e ruas sujas e mal iluminadas, era desprovido de segurança e uma ameaça à integridade.
Para cumprir a tarefa, D. João convocou o conselheiro Paulo Fernandes Viana, desembargador do Paço e Ouvidor-Geral do Crime para o cargo de Intendente Geral de Polícia e do Estado do Brasil.
Segundo cronistas da época, o principal objetivo do regente era guardar a sua própria segurança pessoal, receoso de que algum espião francês pudesse atacá-lo. A Europa estava conflagrada, dominada pelas forças de Napoleão, Portugal invadido e ocupado pelas armas francesas. A ânsia de conquistas da França parecia não ter limites sendo possível que cobiçasse as possessões de países subjugados.
Assim, por Decreto de 5 de abril de 1808, foi criada a Polícia da Corte e do Estado do Brasil. Viana ficou 12 anos no cargo até 1821. Curiosamente, suas funções não se limitavam à segurança pública. Ele atuava também como um prefeito, gerindo obras públicas.
Entre elas, a construção de uma rede de abastecimento de água, do Cais do Valongo, vários chafarizes, calçamento de ruas, construção do Teatro São João (atual João Caetano). Na área de segurança criou a Guarda Real da Polícia e construiu cadeias e delegacias.
Tinha ainda a responsabilidade de policiar as ruas, expedir passaportes, vigiar os estrangeiros, fiscalizar as condições sanitárias dos depósitos de escravos e providenciar moradia para os novos habitantes que a cidade recebeu com a chegada da corte.
Também se encarregou de aterrar pântanos, organizar o abastecimento de água e comida e a coleta de lixo e esgoto, calçar e iluminar as ruas usando lampiões a óleo de baleia, construir estradas, pontes, aquedutos, fontes, passeios e praças públicas
Consta que Paulo Viana perdeu força depois que confrontou o herdeiro do trono Pedro I. Antes de D, João VI voltar para Portugal em 1821, exonerou os ministros e também Viana. Terminava alí o longevo mandato do primeiro chefe de polícia do Rio e do Brasil.
Paulo Viana, faleceu de infarto aos 63 anos poucos dias depois.
Fonte: Livro Algo do Meu Velho Rio, de Augusto Maurício.
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