O Rio de Janeiro, ao longo da história, sempre teve uma tendência transgressora. Em 1996, a estação mais quente do ano ficou conhecida como o "Verão do Apito". Isso porque, revoltados contra a repressão à maconha, frequentadores do Posto 9, em Ipanema, usaram o próprio recurso da polícia para avisar sobre sua presença no local.
Policias tinham o hábito de circular nos dias mais cheios a procura de maconheiros. Bastou um casal de estudante ser preso para explodir um protesto inusitado para avisar outros desprevenidos. Teve um domingo que a sinfonia de apitos foi ensurdecedora numa cena constrangedora.
A polícia não gostou nada da táctica e passou a reprimir ainda mais com a presença de efetivo ostensivo, inviabilizando qualquer chance de reação.
Depois da tática do apito ficar conhecida, os banhistas passaram a assobiar para não serem apanhados. Os PMs passavam pela praia e eram vaiados por muitos banhistas.
A guerra ao apito repercutiu entre as autoridades políticas, que se posicionaram a favor ou contra a legalização.
O então deputado federal Fernando Gabeira chegou a afirmar que as manifestações seriam o 'primeiro passo' para a legalização da maconha.
Para o então secretário de Segurança Pública, general Nilton Cerqueira, o ato comprovava “o grau de degradação da sociedade, em que jovens de nível intelectual desafiam as leis”.
No final das contas, o fato esfriou e até hoje a fumacinha rola solto no local, principalmente no pôr do sol.
Foto e fonte: O Globo