Inaugurado em 1937, o bar e restaurante Zeppelin ficava na Rua Visconde de Pirajá, 499, em Ipanema. Seu dono era o austríaco Oskar Geidel, um ex-trapezista do Circo Sarrazani que se encantou com o Rio de Janeiro, principalmente com o bairro de Ipanema onde era grande a comunidade alemã. O nome do bar era em homenagem ao dirigível alemão Graf Zeppelin que fazia a rota Frankfurt-Rio.
A especialidade da casa era comida austríaca-alemã, com destaque para o pato com maça, e consta que tinha o melhor chope (e mais bem tirado) de Ipanema.
Apesar de irritadiço, Oskar era querido por todos, mesmo tendo uma admiração secreta por Hitler. Durante a Segunda Guerra, o bar chegou a ser depredado por estudantes de esquerda, entre eles, João Saldanha, jornalista e futuro técnico de futebol. Ainda assim, Oskar reconstruiu o bar e manteve o mesmo nome.
Nos anos 50, era frequentado por nomes como Albino Pinheiro, Millôr Fernandes, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Janio de Freitas, Sérgio Pôrto, Ary Barrozo e Dorival Caymmi. Consta que estas figuras icônicas da "inteligenzia" batiam ponto primeiro na casa do escritor Aníbal Machado e esticavam no Zeppelin.
Nos anos 60, ganhou a frequência de Vinícius de Moraes, Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Cecil Thiré, Betty Faria, Cláudio Marzo, Nelson Motta e toda a nata do Cinema Novo.
Também no Zeppelin, em 1968, surgiu a ideia de criar um dos jornais mais críticos e corrosivos dos tempos da ditadura militar: O Pasquim, fundado no ano seguinte por Ziraldo, Jaguar, Millôr Fernandes e Paulo Francis.
Em setembro de 1968, Oskar decidiu pendurar as chuteiras e vendeu o bar para Ricardo Amaral, recém-chegado de São Paulo. Aposentado, foi morar em Muri, distrito de Nova Friburgo.
Antes de passar o bar adiante deu uma festa de despedida que ficou famosa como um dos maiores porres da história de Ipanema. Dela ficou o registro da foto "última ceia", com o próprio Oskar, Albino Pinheiro, Carlos Vergara, Ferdy Carneiro (fundador da Banda de Ipanema), entre outros.
O novo dono, Ricardo Amaral, transformou o bar numa vitrine para quem "queria ser visto" e os antigos frequentadores pararam de comparecer. Em 1972, o Zeppelin fechou as portas definitivamente e ficou com uma lenda na noite etílica de Ipanema. Hoje, no lugar onde era o bar foi construído um edifício onde funcionam uma agência bancária e uma farmácia.
Fonte: Ruy Castro, no livro "Ela é Carioca.
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