A ocupação urbana no Rio de Janeiro varreu do mapa praias, ilhas, lagoas, morros e até bairros inteiros. O maior deles foi o bairro da Misericórdia junto ao antigo morro do Castelo, perto da Praça XV.
Nos tempos coloniais, era preferido dos mais importantes contratadores de produtos agrícolas e industriais, onde funcionavam os trapiches.
A Rua da Misericórida (ver galeria), aberta em 1569, cortava o bairro e ia do antigo Calabouço passando pelo Largo da Misericórdia e margeando o morro do Castelo até a Rua São José.
A rua era cortada por três becos que também não existem mais: da Batalha, dos Ferreiros e das Fidalgas.
A origem do nome do Beco da Batalha foi a existência de um oratório dedicado à devoção de Nossa Senhora da Batalha no próprio beco ou no largo do mesmo nome.
No Beco dos Ferreiros moravam muitos chineses e em suas casas se fumava ópio.
No Beco da Fidalga morava dona Maria Antônia de Alencastro, parente do militar português Gomes Freire (1757 -1817).
A Rua da Misericórdia dava também acesso à Ladeira da Misericórdia, que foi o primeiro território ocupado para erguer a cidade do Rio.
A Ladeira da Misericórdia foi a primeira rua do Rio. No morro do Castelo funcionavam a primeira Alfândega, a primeira cadeia, a primeira câmara e o primeiro tribunal da cidade do Rio.
Em 1823 foi instalada, também, a primeira Assembleia Constituinte do Brasil independente – o primeiro Legislativo Nacional.
A partir de 1920, com o desmanche o Morro do Castelo, o bairro foi engolido pela gigantesca obra e o esvaziamento foi inevitável.
A chegada do Elevado da Perimetral foi a gota d´água para o desaparecimento do bairro. Hoje não restou nada dos casarões e armazéns que predominavam na antiga região portuária.
O único que sobrou foi um trecho da Ladeira do Livramento, mas sem saída, quase como um cenário de cinema pois não leva a lugar nenhum.
Leia mais: