A Praça 11 de Junho (data da Batalha de Riachuelo) existiu por mais de 150 anos até a década de 1940. Até o final do século XVIII, a região era desabitada e inadequada à lavoura e à edificação por se tratar de uma área pantanosa.
Foi somente após a chegada da Família Real Portuguesa e a sua instalação no Paço de São Cristóvão que as primeiras ruas de acesso àquela área foram construidas.
Em 1810, por ordem de D. João VI, foi criada a "Cidade Nova", que ia do Campo de Santana até São Cristovão. Com ruas retilíneas e extensos lotes, muito se diferenciava da área central, congestionada de casas em lotes estreitos. Na mesma ocasião, o rei criou uma praça onde começava o Mangue de São Diogo: o Largo do Rocio Pequeno.
Apesar de ser a única praça de comércio da Cidade Nova, o Rocio Pequeno continuou quase deserto. Foi somente em 1842, já durante o Segundo Reinado, que o local voltou a receber a atenção das autoridades municipais. Um chafariz em cantaria, de estilo neoclássico, projeto de Grandjean de Montigny, foi instalado no centro do largo, servindo para o abastecimento das casas e estabelecimentos do entorno.
No ano de 1854, com a construção e inauguração da Fábrica de Gás, o Visconde de Mauá percebeu a necessidade de canalização do mangue, saneando o caminho até a Baía de Guanabara, bem como possibilitando um sistema hidroviário ligando o subúrbio ao Centro.
Em 1858, o mesmo Mauá inaugurava a Estrada de Ferro Dom Pedro II, que cortava a Cidade Nova, ligando-a a vários subúrbios e ao interior da província.
Com a eclosão da Guerra do Paraguai uma onda de nacionalismo tomou conta do império. Com a vitória brasileira na Batalha do Riachuelo, o Largo do Rocio Pequeno foi rebatizado com a data do confronto.
Foi também nesta época, com o declínio do sistema escravagista, que a Praça 11 de Junho passou a ser um bom destino para os imigrantes, pela proximidade com o porto e pelo comércio variado.
Com a Abolição, grandes massas de ex-escravos se instalaram nas precárias "casas de cômodos" que abundavam nas ruas adjacentes à Praça 11 de Junho. Com os espaços esgotados, estes mesmos negros passaram a habitar casebres improvisados nas encosta dos morros.
Um destes promontórios próximos à Praça 11 de Junho foi batizado de Morro da Favela por soldados regressados da Guerra de Canudos e deu origem à denominação de agrupamentos miseráveis urbanos.
No raiar do século XX, a Praça 11 de Junho era o reduto por excelência dos negros cariocas. Das batucadas trazidas pelos negros baianos, misturadas ao lundu do Rio de Janeiro, nasceu o samba.
Estudiosos e contemporâneos daqueles tempos são unânimes ao apontar a importância da mítica "Casa da Tia Ciata" para essa síntese cultural. Tia Ciata era uma baiana que se mudou para o Rio de Janeiro e tinha como ofício cozinhar quitutes.
Assim, sua casa ficou famosa na praça, e se transformou em ponto de encontro de músicos e gente do povo. Ali, o ritmo do samba começou a ser moldado.
A casa daTia Ciata foi o principal local de onde se tocavam músicas e ritmos africanos daquela comunidade, de onde saíram sambas históricos e compositores de talento.
Em 1926, por perseguições policiais, alguns compositores locais fundaram uma "escola de samba", nome eufêmico para uma associação recreativa que, na verdade, não tinha fins educacionais.
A primeira foi a "Deixa Falar", cujas divisões, anos depois, resultariam em várias outras escolas, como a Estácio de Sá, Mangueira e Portela.
Em 1933, o prefeito Pedro Ernesto organizou o primeiro desfile oficial de escolas de samba na Praça 11 de Junho, do qual a Mangueira sairia vencedora. Os desfiles passaram a ser anuais, com grande afluência do público.
A Praça 11 de Junho também reuniu a maior concentração judaica da história da cidade do Rio de Janeiro. Os imigrantes judeus escolheram a Praça 11 de Junho pois a configuração das casas na região, com espaço para lojas no térreo e residências nos andares superiores, era perfeita para o comércio. Centenas de estabelecimentos judaicos, bem como clubes, grêmios políticos e sinagogas se instalaram na área.
Na década de 1930, a Prefeitura do Distrito Federal planejou obras de modernização da região, o que incluía a construção de uma nova artéria rodoviária que melhorasse o acesso do Centro à Zona Norte. Com isso, a Praça 11 de Junho foi notavelmente reduzida. Pelo projeto, os quarteirões entre as ruas Senador Eusébio e Visconde de Itaúna seriam demolidos para a abertura da nova Avenida Presidente Vargas.
Em 1941, começaram as demolições, que desalojaram centenas de famílias e que acabariam por derrubar 525 prédios, entre eles algumas construções históricas, como as igrejas de São Pedro dos Clérigos e de São Joaquim.
Posteriormente, nos anos 1980, com a construção do metrô os últimos casarões foram demolidos e o local perdeu de vez sua característica. Atualmente, a praça abriga um espaço para shows de música popular, o Terreirão do Samba.
Fonte: Wikipedia e Biblioteca Nacional
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